.................... nº 1 Março/Abril 1997

Um caminho feito entre dúvidas

Gonçalo Pereira, membro da Direcção do Sindicato do Jornalistas

Os jornalistas têm sido até agora os principais veículos da divulgação entre o público do conhecimento daquilo que são as ameaças da SIDA. No entanto, por vezes as contradições entre os mesmos são evidentes. Gonçalo Pereira solicita, como tal, uma menor hesitação por parte da classe política.

Jovens mulheres são alvo privilegiado

Fonte: Panos AIDS Briefing

Estatísticas comprovam que as mulheres já representam cerca de 42% da totalidade das pessoas infectadas com o vírus da SIDA em todo o Mundo. Destas, as mulheres jovens são as que se encontram mais expostas à possibilidade de infecção.


Tuberculose
Situação actual


Prof. Dr. Hugo David, Consultor do Centro de Malária e Outras Doenças Tropicais,
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Professor catedrático convidado da Faculdade de Ciências Médica da Universidade Nova de Lisboa

A expansão da epidemia da SIDA causou uma expansão na tuberculose à escala mundial. Surpreendentemente, oficialmente, em Portugal, a incidência da tuberculose continua a diminuir, apesar da expansão da SIDA.

90% dos seropositivos são trabalhadores activos

Drª Alexandra Pagará de Campos, Jurista do Gabinete de Direito da Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública

Noventa por cento dos cidadãos seropositivos pertencem à população activa e manifestam o desejo de o continuar a ser, uma vez que mantêm as suas capacidades físicas e mentais inalteráveis. Apesar de algumas medidas de carácter discriminatório já tomadas por alguns empregadores, os seropositivos não desistem de fazer uma vida activa.
 
4th Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections

Prof. Dr. Francisco Antunes, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de St. Maria e membro do Grupo Clínico da CNLCS

«Os avanços recentes da terapêutica antiretroviral começam, aparentemente, a ter algum reflexo na morbilidade e mortalidade por SIDA», afirma Francisco Antunes, que acrescenta, porém, que a 4ª Conferência Sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, realizada em Janeiro último, «não trouxe nada de novo»
 

A carga viral --- Aspectos técnicos

Drª Francisca Avillez e Drª Helena Valle, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Estudos recentes indicam que as determinações do ARN no plasma são um importante marcador de prognóstico de progressão da doença. A quantificação da carga viral providencia ainda um instrumento vital para as estratégias de decisão do tratamento antiretroviral.

Perspectivas animadoras

Dr. Fernando Maltez, Especialista de Medicina Interna e Doenças Infecciosas do Hosp.Curry Cabral

Contrariando ideias anteriores de que após a contracção da infecção existiria um período prolongado de relativa latência virológica a preceder a ocorrência dos sintomas, o desenvolvimento de novas técnicas moleculares para detectar o RNA viral em circulação no plasma permitiu um melhor conhecimento viral durante a infecção.


A carga viral
Algumas considerações sobre a sua importância na terapêutica antiretrovírica

Profª Odette Ferreira, coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA

A quantificação do ARN viral (carga viral) corresponde ao nível da replicação viral do VIH nos indivíduos seropositivos. De facto, de acordo com a Coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA, «o avanço para uma melhor compreensão da patogénese da infecção pelo VIH tem vindo a ser facilitado pelo desenvolvimento das técnicas de medicação da carga viral».


.................... nº 2 Maio/Junho 1997
 
Anunciada esta manhã em Pretória
Descoberta cura para a SIDA


Miguel Mauritti, jornalista

Foi recentemente anunciada na África do Sul a cura para a SIDA. Uma notícia divulgada a partir de uma fonte isolada, sem que se tivesse registado uma consulta à comunidade científica, o que coloca dúvidas relativamente à sua veracidade.
 


A cura da infecção por VIH é possível

Prof. Dr. Francisco Antunes, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de St. Maria e membro do Grupo Clínico da CNLCS

Os primeiros casos de SIDA foram divulgados, há 16 anos atrás. O avanço tecnológico registado desde então permite que hoje, pela primeira vez, se possa encarar a possibilidade de se interromper definitivamente a replicação viral, com a consequente cura virológica, afirma este especialista.

 

Os órfãos da SIDA

Enfermeira Ana Campos Reis, Directora Executiva do Projecto Solidariedade da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa

Destinado a apoiar indivíduos com VIH/SIDA em situação de carência económica, o Projecto Solidariedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa existe desde 1989 e desde então já acompanhou cerca de 800 indivíduos.
 

III Congresso Nacional sobre SIDA

Dr. Mota Miranda, Chefe de Serviço. Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de S.João

Num texto alusivo ao Congresso Nacional sobre SIDA, aquele especialista tece algumas considerações acerca do problema em Portugal e no Mundo. «A importância que a SIDA assume hoje no Mundo, acrescida da particularidade de Portugal ser um dos países da União Europeia com maior prevalência da doença e onde ainda é previsível o seu aumento nos anos mais próximos, constitui motivo suficiente para a realização deste evento, cujo programa se pretende que seja o mais diversificado possível», afirma o secretário-geral do Congresso.
 

Terapêutica da infecção pelo VIH na criança

Dr. Lino Rosado, responsável pela Unidade de Imunohematologia do Hospital de D. Estefânia

Muitos dos aspectos da infecção pelo VIH na criança são semelhantes aos do adulto e, assim sendo, é muitas vezes possível extrapolar os resultados dos ensaios terapêuticos dos adultos, onde o número de doentes incluídos é muito maior.
 
 

Prevenção nas prisões

Profª Drª Odette Ferreira, Coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA

Desde há vários anos que a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA se manifesta preocupada com a problemática da SIDA nas prisões. De acordo com Odette Ferreira, a sua coordenadora, «não podemos esquecer que os indivíduos encarcerados são cidadãos com todos os direitos».

 

Alternativa Positiva
Associação de Informação e Apoio Sobre SIDA


A Alternativa Positiva é uma Organização Não Governamental, constituída há 4 anos, com dois objectivos principais: combater a falta de informação sobre o VIH e a SIDA e defender os interesses das pessoas infectadas e afectadas pelo vírus.
 

A importância dos sistemas de vigilância epidemiológica

Drª Maria Teresa Paixão, Directora do Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis
Instituto Nacional de Saúde

A pandemia da SIDA, a par de algumas outras, encontra-se em franco ressurgimento nos países em vias de desenvolvimento. De acordo com a Dra. Maria Teresa Paixão, esse facto pode-se explicar, em parte, «pelas grandes convulsões sociais que se registaram nestas regiões e a consequente migração de milhares de pessoas ou a modificação de comportamentos sociais».


.................... nº 3 Julho/Agoto 1997

A magia da informação

Jorge Correia, jornalista da Antena 1

Este radialista congratula-se pelo facto de actualmente os medicamentos serem muito mais efectivos no combate à SIDA. «Falta apenas a machadada final», afirma, referindo-se à descoberta da cura definitiva. Mas enquanto tal não acontece, importa prevenir, nomeadamente através do uso do preservativo e da implementação de um plano de educação sexual nas escolas.


Saber viver cada dia

Caritas diocesana de Setúbal

O distrito de Setúbal é um dos mais atingidos pela SIDA, muito por culpa da altíssima percentagem de toxicodependentes que possui. Para combater este fenómeno, a Caritas Diocesana de Setúbal, em parceria com outras entidades, decidiu colocar no terreno um projecto de apoio psicossocial e apoio domiciliário a seropositivos, doentes com SIDA e suas famílias.



Mila Ferreira
Tenho alguns amigos com SIDA

Mila Ferreira não compreende como é possível que as pessoas promovam a sua própria degradação como seres humanos, que muitas vezes as leva à contracção do vírus da SIDA. E afirma que «se tivesse um filho toxicodependente não aguentava essa situação».


Departamento de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra
A experiência do laboratório de Virologia

Dr. Vitor Duque, Responsável do Laboratório de Virologia do Departamento de Doenças Infecciosas dos HUC

«A criação de uma estrutura nova, como o Laboratório de Virologia, exige trabalho árduo», devendo ser orientado por objectivos precisos, sem confusões entre os limites do diagnóstico e da investigação, afirma este especialista num artigo em que disserta sobre a criação e actividade do Laboratório de Virologia.


Ventos de mudança

Prof. Dr. Meliço-Silvestre, Director do Departamento de Doenças Infecciosas dos HUC e Membro da Direcção Executiva da CNLCS

Consciente da problemática inerente às novas e velhas doenças, o Departamento de Infecciologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra encontra-se em processo de reestruturação. Uma reorganização possibilitada, em grande parte, pelo apoio que a CNLCS deu ao projecto.


SIDA e comportamento sexual

Fausto Amaro, Sociólogo e Membro da CNLCS

Segundo este sociólogo, apesar de os estudos demonstrarem que os portugueses possuem um conhecimento razoável acerca da forma como se transmite o vírus da SIDA, tal não conduz necessariamente a um comportamento sexual seguro. A solução passa «por uma actuação global e continuada ao nível individual, social e cultural».


SIDA e saúde oral

António Toscano, Higienista oral e Responsável pela disciplina de Microbiologia do Curso de Higienistas Orais da Daculdade de Medicina Dentária de Lisboa

A cavidade oral é um dos locais de eleição do corpo humano para o aparecimento de infecções oportunistas e tumores ligados à infecção por VIH. Daí a importância que deve ser dada à SIDA na educação dos profissionais de saúde oral.


III Congresso Nacional sobre SIDA 1997
Infecção pelo VIH em pediatria

Dr. Rocha Marques, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Joaquim Urbano

Existem actualmente cerca de 1,5 milhões de casos de infecção pelo VIH em crianças de todo o mundo. A principal via de transmissão é através da mãe infectada. Daí que a situação actual tenda a agravar-se, uma vez que a percentagem de mulheres infectadas é cada vez maior.


Manifestações oportunistas

Dr. Abílio Morgado

Provocadas por vírus, bactérias, parasitas e fungos que, aproveitando-se do estado degradado da imunidade, se multiplicam e desenvolvem uma doença clínica manifesta, as infecções oportunistas estão, de acordo com este especialista, «presentes em cerca de 90% dos casos de SIDA».


SIDA e cuidados intensivos

Dr. Alves Pereira, Chefe de Serviço - Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de S. João

Ao tomar-se uma decisão sobre que doentes internar na Unidade de Cuidados Intensivos, deve-se encarar o doente infectado pelo VIH como um doente portador de uma doença crónica, analisar caso a caso e decidir com base no contexto clínico e no desejo do doente, defende Alves Pereira.


III Congresso Nacional sobre SIDA 1997
Tuberculose, o problema...

Dr. Rui Proença, Director do Serviço de Medicina 2 do Hospital Curry Cabral; Membro do Grupo Clínico da CNLCS

Em Portugal, a taxa anual de novos casos de tuberculose mantém-se 4 a 5 vezes superior à média europeia. Segundo Rui Proença, quando associada à SIDA, a tuberculose «pode constituir o cavalo de Tróia para que a tuberculose pulmonar se torne novamente na sociedade como a antiga Peste Branca».

... que solução?

Prof. Dr. J. Agostinho Marques, Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

Para vencer a problemática da tuberculose, o líder da Sociedade Portuguesa de Pneumologia defende que será necessário manter atentos todos os profissionais de saúde e alertar a própria população para os sinais de alarme, para que acorra ao médico e seja observada em tempo oportuno.


A sociedade e a infecção pelo VIH

Prof. Dr. Daniel Serrão, Faculdade de Medicina do Porto, Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

O conhecido professor da cidade do Porto diz-nos num artigo que existem três componentes - o sexo, a toxicodependência e a miséria - que, como se encontram relacionados com a SIDA, abrem-lhe as portas da comunicação social, perturbando a sociedade. Na opinião de Daniel Serrão, é necessário arrefecer o sobreaquecimento provocado pela mediatização da doença.


Casal de serpositivos dá nó mediático

Foi o casamento mais mediático do ano. Jornais, revsitas e televisões marcaram forte presença no casamento de José Júlio, um seropositivo de 27 anos, com Paula Alexandra, de 20 anos e também ela infectada pelo VIH. A Informação SIDA conta-lhe como foi.


Um CAIS no Cais do Sodré

Drª Dulce Malaia, Psicóloga Clínica; Presidente da Direcção da Associação PROCAIS

Com o apoio da CNLCS e da Junta de Freguesia de São Paulo, a PROCAIS - Projecto de Apoio e Informação para a Saúde - possui desde o passado mês de Maio um espaço destinado a efectuar consultas gratuitas a prostitutas e/ou aos seus clientes. Para além disso também faz acções de rua. O objectivo é muito simples: Sensibilizar. Porque a SIDA existe.


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