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Artigo de Saúde Pública®

Nº 92 / Outubro de 2010






04 Hábitos alimentares na origem da maioria dos cancros digestivos
Em Portugal, registam-se, anualmente, cerca de cinco mil novos casos de cancro colorrectal – a neoplasia digestiva mais frequente. O problema, acusam os especialistas, está no diagnóstico tardio. Saiba como estar alerta.
A medicina está cada vez mais empenhada na descoberta de novas armas terapêuticas contra o cancro digestivo. Ainda assim, no mapa das ocorrências, em Portugal, registam-se, anualmente, cerca de cinco mil novos casos de cancro colorrectal – a neoplasia digestiva mais frequente. O problema, acusam os especialistas, está no diagnóstico tardio. Saiba como estar alerta.


O cancro digestivo pode atingir todas as estruturas do tubo digestivo, que vão desde o esófago até ao canal anal - nomeadamente o estômago, pâncreas, intestino delgado, cólon e recto, passando pelo fígado e vias biliares. «A localização mais frequente dos tumores digestivos é no cólon e recto, seguindo-se o estômago», completa o Dr. Evaristo Sanches, presidente do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo.

Segundo o especialista, em Portugal, surgem anualmente 5000 casos de cancro colorrectal, catapultando esta neoplasia para o primeiro lugar do ranking dos tumores mais frequentes. No futuro, prognostica, «a tendência é para aumentar».

O relatório GLOBOCAN 2008, da Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), indica que, em todo o mundo, o cancro colorrectal «é a terceira forma mais comum de tumores no homem e a segunda nas mulheres».
De acordo com o Dr. Evaristo Sanches, os cancros digestivos devem-se, sobretudo, aos hábitos alimentares: «Consumo excessivo de conservas, enlatados, fumados, alimentos riscos em sal em detrimento dos congelados.» Esta neoplasia surge, habitualmente, entre a sexta e sétima décadas de vida, não invalidando, porém, o seu aparecimento na idade jovem. «A maior incidência de alterações inflamatórias, a diminuição da imunidade como resultado da idade avançada, entre outros factores, justificam a incidência do cancro colorrectal na terceira idade.»

As estimativas apontam, até 2015, para um aumento de 22% dos casos, na população acima dos 65 anos, e de 50%, nos indivíduos com mais de 80 anos de idade. «O envelhecimento da população será uma das razões para o aumento dos cancros digestivos», defende o oncologista.


Dr. Evaristo Sanches: O cancro digestivo pode ser difícil de detectar precocemente»


Diagnosticar cedo, antes que seja tarde

Segundo o Dr. Evaristo Sanches, o médico recorre à história clínica e ao exame físico como formas fundamentais para chegar ao diagnóstico. Os exames complementares, sobretudo os métodos endoscópicos (incluindo a vídeo-cápsula) «são os meios de diagnóstico mais úteis no diagnóstico do carcinoma digestivo».

A ecografia, a tomografia axial computorizada, a ressonância magnética e a PET (Tomografia de Emissão de Positrões) ajudam a «conhecer a extensão da doença e a programar o tratamento».

«O cancro digestivo pode ser difícil de detectar precocemente. Geralmente, nos estádios iniciais, não há sintomas. E, em muitos casos, antes de ser detectado, o tumor já está metastizado (disseminado). Quando há sintomas, geralmente, são vagos, ou seja, não específicos, o que leva o doente a ignorá-los ou a confundi-los com situações benignas.»

Apesar da necessidade de se investigar a história familiar e clínica, em 80% dos cancros digestivos, a origem do «mal» está frequentemente associada a doenças inflamatórias do cólon, ao estilo de vida («o sedentarismo é facilitador do cancro do cólon e do recto»), dietas ricas em gordura, tabagismo e ingestão de álcool.

Contrariamente aos alimentos saturados de gorduras, «a dieta rica em fruta fresca e fibras» tem um potencial preventivo do cancro digestivo.


Rastreio: «uma arma de combate»

Segundo o especialista, urge criar um programa nacional de rastreio organizado («com indicação entre os 50 e os 70 anos»), à semelhança do que já acontece na região centro do país, com um rastreio de base populacional para o cancro colorrectal.

«Porque a responsabilidade pela nossa saúde começa em nós, devemos estar atentos aos sintomas ou a alterações dos hábitos digestivos – falta de apetite, náuseas, vómitos, emagrecimento, acidez ou más digestões, aparecimento de diabetes, diarreias alternadas com períodos de obstipação, aparecimento de sangue nas fezes. Apesar de serem sintomas vagos, o médico assistente pode interpretar os sinais e orientar o doente para o local mais
adequado.»

O doente deve estar atento a eventuais sintomas suspeitos, já que quanto mais cedo os sintomas forem comunicados ao médico maior a probabilidade de detecção precoce. «Quando o diagnóstico se efectua numa fase inicial, a cirurgia consegue alcançar a cura em cerca de 80 a 90% das situações, permitindo que o doente se mantenha activo. Há, assim, um baixo consumo de recursos e menos consequências para a qualidade de vida», acrescenta o Dr. Evaristo Sanches.

«Em fases mais avançadas, em que há necessidade de recorrer a tratamentos sistémicos, nem sempre se consegue a cura. Esta situação conduz a um consumo de recursos muito maiores, com inactividade dos doentes, que deixam de ocupar o seu posto de trabalho e de produzir. Em fases muito avançadas, o consumo de recursos é ainda maior: há uma necessidade acrescida de recorrer a analgésicos, frequentes visitas ao hospital, dependência de familiares, que também deixam de trabalhar. Este cenário afecta a economia familiar, favorece o isolamento do doente e a sua dependência de medicamentos. E influencia a sobrevivência dos doentes.»



Dr. Sérgio Barroso: «os tratamentos actuais não possuem a toxicidade que caracterizava a quimioterapia há 10 ou 15 anos»


Na perspectiva do Dr. Sérgio Barroso, director do Serviço de Oncologia do Hospital do Espírito Santo, em Évora, é aconselhável encontrarem-se mecanismos e ferramentas que facilitem o diagnóstico precoce. «Numa fase inicial, a doença oncológica é curável na maioria dos casos. Tratando-se do cancro colorrectal, o rastreio é fundamental no combate desta neoplasia.

Os pólipos (crescimento anormal dentro da parede do intestino), que podem apresentar uma propensão para a doença maligna, devem ser detectados e removidos, evitando desta forma a evolução para tumor maligno. Ao ser implementado, o rastreio teria um impacto significativo na diminuição da mortalidade», corrobora.


Modalidades terapêuticas

A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia fazem parte do arsenal terapêutico de combate ao cancro digestivo.

«Em muitas circunstâncias, podemos combinar estes tratamentos, usando a radioterapia associada à quimioterapia. Em conjunto, conseguimos potenciar o tratamento, através da destruição do tumor ou do controlo do seu crescimento.»

Com recurso à cirurgia – «fundamental em determinados tipos de cancro digestivo, sobretudo o localizado –, conseguem-se taxas de sucesso elevadas. A radioterapia – um tratamento que implica a utilização de radiações - e a quimioterapia sofreram, nos últimos anos, uma grande evolução, mostrando-se mais eficazes no tratamento dos doentes com cancro digestivo.

«Os aparelhos de radioterapia recentes são tecnologicamente mais evoluídos e possuem a capacidade de tratar só o tumor, poupando os órgãos vizinhos. Assim, conseguimos minimizar os danos colaterais desta terapêutica, já que a radioterapia actual é desenvolvida para destruir apenas o tumor e poupar os órgãos periféricos.»

No campo da quimioterapia, o desenvolvimento de terapêuticas dirigidas às células tumorais, de acordo com marcadores específicos, permite actuar em pontos específicos. Trata-se de um avanço enorme, face à quimioterapia clássica, que funcionava como uma «bomba»: lesava todas as células que se encontravam nas imediações do tumor. As terapêuticas-alvo podem, por outro lado, ser comparadas a «mísseis»: atingem apenas um foco.

Apesar dos efeitos secundários associados ao tratamento (em particular, da quimioterapia), o Dr. Sérgio Barroso indica que, hoje em dia, há medicamentos capazes de evitar as náuseas, os vómitos ou a diarreia, situações típicas da toxicidade da quimioterapia. «Não conseguimos evitar todos os efeitos secundários. Mas, actualmente, a quimioterapia é muito melhor tolerada e já não tem um impacto tão significativo na qualidade de vida dos doentes, porque os tratamentos actuais não possuem a toxicidade que caracterizava a quimioterapia há 10 ou 15 anos.»


VIGILÂNCIA REDOBRADA:

Se sofre de algum dos seguintes sintomas (de forma persistente), deverá procurar o conselho do seu médico assistente.

– Dificuldade em engolir;
– Indigestão ou sensação de ardor (azia);
– Náuseas e vómitos;
– Episódios de diarreia alternados com períodos de obstipação;
– Dilatação do estômago após as refeições;
– Perda de apetite;
– Sensação de fraqueza e fadiga constantes;
– Hemorragia (vómito de sangue ou sangue nas fezes). Em certos casos o sangue poderá estar oculto nas fezes, o que poderá ser confirmado com análises laboratoriais;
– Mudança na cor das fezes (cor de alcatrão);
– Desconforto abdominal generalizado (flatulência, inchaço, enfartamento e/ou cãibras);
– Perda de peso repentina e sem justificação;
– Fezes de menor dimensão do que o habitual.




Texto: Andreia Pereira
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