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Artigo de Saúde Pública®

Nº 69 / Abril de 2008






15 Saúde Animal
Da picada à eventual doença fatal
O vector da leishmaniose não está confinado às regiões do globo outrora propícias ao seu desenvolvimento. As alterações climáticas facilitaram o desenvolvimento deste e de outros insectos, noutros locais, sendo Portugal um dos países emergentes.


A leishmaniose canina é uma doença crescente no nosso País, com taxas de diagnóstico e tratamento que sobem a cada ano (entre 2000 e 2007 a taxa de tratamento cresceu cerca de 46%). Infelizmente, e ao contrário do que se poderia pensar, tal facto demonstra por si só que as medidas preventivas até hoje aplicadas estão longe de ser eficazes.

As alterações climáticas não deixam espaço para dúvidas, pelo que a leishmaniose canina e outras doenças emergentes não devem ser descuradas. A título de exemplo, um mosquito específico de uma região poderá encontrar condições propícias à sua sobrevivência numa outra. Fala-se imenso no «voo» do mosquito da malária para Portugal. A tão actual doença da língua azul, que afecta grandes e pequenos ruminantes, é também um comprovativo deste facto.

Não admira, pois, que se definam estratégias, a nível mundial, no sentido de prevenir a propagação das patologias vectoriais. É o caso do projecto EDEN (Emerging Diseases in a Changing European Environment) da Comissão Europeia, que se dedica ao estudo de doenças emergentes no continente europeu. A malária e a leishmaniose são duas das patologias abrangidas pelo EDEN.

«A leishmaniose é uma doença originada pelo parasita Leishmania, que é transmitido por um flebótomo (insecto semelhante a um mosquito)», referiu o Dr. Paul Ready, do Museu da História Natural de Londres, sublinhando que «a leishmaniose é uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida aos humanos».

Segundo este especialista em Entomologia, «é mais frequente no Norte de África e no Continente Asiático, mas já começam a ocorrer situações na Europa. Regra geral são “importadas” dos imigrantes, viajantes e turistas, e são emergentes na bacia mediterrânica (Espanha, Grécia, Itália e Portugal)».

De acordo com dados indicados por Paul Ready, mais de 50% dos residentes nas zonas rurais e 20% da população canina do Sul da Europa podem estar infectados pelo protozoá­rio Leishmania.


Sintomatologia e caracterização do vector

A perda de pêlo – em especial na zona próxima dos olhos, do nariz, da boca e das orelhas – é o sinal mais comum da leishmaniose canina. Numa fase mais avançada, o amigo de quatro patas reduz consideravelmente de peso. Podem também aparecer lesões na pele e num estado já muito avançado o animal poderá sofrer de insuficiência renal. Se não receber nenhum tratamento, certamente morre.

Quanto ao principal responsável por tal sintomatologia – o mosquito –, vive na época mais quente do ano, que se inicia sensivelmente em Maio e termina com o aparecimento dos dias mais frios do ano (normalmente em Setembro, mas com as alterações no clima pode prolongar-se). Tem uma tonalidade amarela e permanece em zonas rurais e nas cidades nos locais com vegetação (jardins, parques, etc.) e o seu período de maior actividade é desde o final da tarde até ao amanhecer.

Somente a fêmea é vector de leishmaniose, porque apenas esta se alimenta do sangue dos mamíferos: algo essencial para a postura dos ovos. Uma semana depois da «refeição», põe cerca de 100 ovos em locais húmidos. Até atingir a forma adulta, o flebótomo tem um ciclo de vida de aproximadamente dois meses, passando por quatro fases.

Todavia, o insecto só transmite a leishmaniose depois de picar um cão infectado. Recebe o parasita Leishmania através do sangue ingerido e quando volta a picar outro cão (saudável) inocula a Leishmania. Uma fêmea infectada pode contagiar dois ou três cães antes de morrer.

O parasita alcança as células de defesa do novo hospedeiro, multiplica-se e se o canídeo não desenvolver uma resposta imunitária adequada, surge a leishmaniose. De notar que o período de incubação pode ir até 18 meses. Se doente, o cão terá de ser tratado (nalguns casos, inclusivamente, a eutanásia deverá ser considerada) e permanecerá em tratamento para diminuir o risco humano, visto o animal ser um reservatório para a doença. Existem vários tratamentos possíveis que normalmente devem ser combinados para uma melhor eficácia.

Ora, sendo uma zoonose, significa que pode afectar os humanos. Mas, felizmente, a resposta imunitária contra esta enfermidade é mais eficaz no Homem e as soluções terapêuticas são, na maioria dos casos, bem-sucedidas.


Medidas preventivas

Se houver suspeita de que o animal de companhia tem leishmaniose, deve ser levado ao médico veterinário. Só este especialista terá a capacidade para o examinar e recomendar exames complementares de diagnóstico. Mas, antes do aparecimento de suspeitas, convém prevenir para não remediar. Por exemplo, indo à consulta anual de rotina com o fiel amigo.

De acordo com Paul Ready, «há determinados métodos de controlo, que devem ser aplicados, nomeadamente a vigilância, o isolamento e o tratamento dos cães e dos indivíduos com leishmaniose».

O entomólogo do Museu da História Natural de Londres salientou também a importância (embora relativa) do uso de insecticidas no interior e exterior das habitações e nos animais de companhia.

Outras medidas preventivas passam pela limpeza regular dos espaços verdes, por manter a higiene do cão e por evitar que o cão permaneça na rua na hora de maior risco (amanhecer e entardecer).

«Os factores climatéricos e, conse­quen­temente, a distribuição das espécies de vectores também exercem influência no controlo da doen­ça. Por isso, os cuidados devem ser redobrados nas zonas emergentes», frisou Paul Ready.


MAIS VALE PREVENIR...

Não existe vacinação contra a leishmaniose, pelo que convém adoptar algumas medidas preventivas. Anote:
• Manter os espaços verdes limpos;
• Evitar que o cão permaneça na rua desde o entardecer até ao amanhecer, sobretudo, nos meses mais quentes do ano;
• A higiene do animal também é muito importante;
• Boa alimentação;
• Desparasitação do animal de companhia;
• Uso de coleiras insecticidas (eficácia limitada).


Texto: SOFIA FILIPE

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