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Artigo de Saúde Pública®

Nº 66 / Janeiro de 2008






08 Espaço AVC
O essencial sobre o acidente vascular cerebral (AVC)
- Prof. Doutor Castro Lopes
Também ali é referido que, por ano, morrem 5.700.000 vítimas de AVC e que se nada fizermos esse número atingirá os 6.700.000 em 2015.


«O acidente vascular cerebral (AVC) é uma catástrofe
prevenível e tratável», assim é introduzido o documento que
serve de base à proclamação do 1.º Dia Mundial do AVC,
em Outubro de 2006, na Cidade do Cabo, África do Sul. Ali se recomenda que muito podemos fazer para «prevenir, tratar e reabilitar os que sofrem as consequências devastadoras do AVC».

No essencial, o que podemos fazer enuncia-se nos seguintes passos:

– Reconhecer o AVC;
– Conhecer os factores que contribuem para o seu aparecimento, saber se são evitáveis ou tratáveis e proceder em conformidade;
– Reconhecido o AVC, saber que se trata de uma verdadeira urgência médica e como tal só para uma unidade hospitalar deve ser conduzido, sem demora;
– Saber que o AVC pode repetir-se e que há atitudes a tomar, quer de ordem medicamentosa, quer de estilo de vida, com vista a diminuir essa eventualidade.

A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) publicou em doze números consecutivos deste Jornal uma série de artigos que constituem uma mais-valia para a informação da população em geral sobre o AVC. Tais artigos estão agora a ser disponibilizados no portal da SPAVC em www.spavc.org a título mensal.

O facto de se aproximar a realização do 2.º Congresso Português do Acidente Vascular Cerebral, nos dias 24, 25 e 26 de Janeiro, no Centro de Congressos do Hotel Cascais Miragem, em Cascais, constitui, a nosso ver muito bem, oportunidade do Saúde Pública dar mais um importante passo na informação da população, sobre o que constitui a 1.ª Causa de Morte e de Invalidez em Portugal.

O AVC integra-se na doença vascular cerebral, que pertence ao grande grupo das doenças vasculares. É costume, pela sua importância, referirem-se três grandes grupos de doença vascular:

– A doença vascular cerebral;
– A doença vascular do coração;
– A doença vascular que afecta as artérias que se distribuem pelos membros do corpo.

Claro que o nosso organismo é composto de múltiplos órgãos, todos eles têm as suas artérias e, portanto, podem vir a ter doença vascular própria.

Vimos na introdução a referência à mortalidade mundial actual e possível no futuro devida ao AVC.

Portugal é um contribuinte importante para esta tragédia visto que se encontra na cauda da Europa, com uma taxa de mortalidade que, com flutuações regionais, pode considerar-se de «200» por ano por 100.000 habitantes. Este número é sensivelmente o dobro do que se passa na vizinha Espanha e da média europeia, sendo o quádruplo comparado com países como a França e a Suíça.

Para acrescentarmos a este peso social do AVC, devemos referir que em Portugal podemos considerar que existe uma incidência de 2-4 (1000 habitantes – trata-se do aparecimento de novos casos) e que num dado momento circulam em Portugal 6-7/1000 vítimas de AVC.

Existem recomendações internacionais – aqui cito as de Helsingborg, produzidas em 2006 e visando metas a atingir em 2015 e que aconselham promoção da educação sobre AVC para:

– Público em geral;
– Doentes que sofreram um AVC;
– Familiares destes doentes;
– Profissionais da Saúde;
– Decisores políticos.

Há evidência (segundo as mesmas recomendações) de que a educação acabada de referir contribui para:

– A prevenção do AVC;
– A diminuição de incidência de AVC (aparecimento de novos casos);
– Redução da demora entre o aparecimento de um AVC e a prestação de cuidados em unidade hospitalar, com carácter urgente.

O que é, afinal, o AVC, ou melhor, por que aparece um AVC?

Aparece ou instala-se porque uma determinada porção do nosso cérebro deixa de ser alimentada normalmente, através do fornecimento de sangue, o que acontece em geral de um modo repentino.

O nosso cérebro encontra-se muito bem protegido, visto ser dotado de uma irrigação muito rica, constituída por quatro grandes artérias que, subindo no nosso pescoço, penetram no crânio, ligam-se umas às outras e penetram na profundidade do cérebro, levando o sangue a todas as suas regiões.

Mas, à medida que a idade avança, há um processo traiçoeiro, já que não dá sinais, e vai danificando as nossas artérias – engrossando as suas paredes e tornando mais estreita a passagem do sangue –, a isto chama-se arteriosclerose que, sendo independente da nossa vontade, há, no entanto, factores, os chamados factores de risco vascular, que contribuem para o seu aparecimento ou acentuam-no, aumentando assim o risco de AVC.

Alguns desses factores não se podem modificar, tais como a idade, o sexo, o ter sofrido um AVC anterior ou ter na família pessoas que sofreram AVC.

Mas há outros factores que podemos modificar:

– Mudando os nossos hábitos de vida;
– Recorrendo à utilização de medicamentos, sempre e só, através do médico de família.

Segundo as indicações já referidas nas Recomendações de Helsingborg, os cinco principais são:

– Tensão arterial elevada;
– Tabagismo;
– Vida sedentária;
– Coração a trabalhar de um modo arrítmico (sem o seu normal funcionamento, que é um trabalho rítmico de contracção e descontracção);
– Diabetes.

Todos temos ouvido falar noutros igualmente perigosos, como o colesterol elevado no sangue, a obesidade, o abuso de bebidas alcoólicas e o uso de contraceptivos orais nas mulheres que fumam.

Vigiar e controlar todos estes factores de risco enquadra-se bem na sabedoria popular quando diz: «Vale mais prevenir que remediar.»

Cabe aqui referir que o principal risco para o AVC, a hipertensão arterial, está subdiagnosticada e aquela que é diagnosticada não é convenientemente tratada, fundamentalmente por falta de aderência ao tratamento da pessoa hipertensa (que sofre de tensão arterial elevada).

Mas, sem estas medidas e apesar delas, pode surgir um AVC.

Que fazer? Chamar de imediato o «112» e exigir a condução tão rápida quanto possível a um hospital onde exista uma unidade de tratamento de fase aguda do AVC.
Fazendo assim estamos a contribuir para um tratamento adequado:

– Diminuindo de modo acentuado o risco de morte;
– Diminuindo a gravidade dos defeitos resultantes.

Importa referir que falamos dos acidentes vasculares cerebrais por deficiente irrigação, que são a maior percentagem (cerca de 80--85%), sendo que existem os denominados hemorrágicos e que consistem no extravasamento de sangue, que resulta de uma artéria no interior do cérebro.

Não diferem os cuidados de prevenção e a abordagem terapêutica, podendo ser diferente, é igualmente urgente.
Queria finalizar estas breves notas socorrendo-me de novo das Recomendações de Helsingborg, quando referem que a mensagem-chave para o público deve incluir:

– O ensino dos factores de risco;
– O reconhecimento dos sintomas;
– Uma mensagem positiva forte de que é possível prevenir e recuperar do AVC.

Um dos instrumentos de aprofundamento dos conhecimentos sobre o AVC é o Congresso Anual que a SPAVC realiza e já referido anteriormente.

Ali se organiza um programa com temas seleccionados e que são abordados por especialistas nacionais e estrangeiros da maior craveira científica.

Difícil se torna eleger algum como mais importante.
Está preparado de modo a interessar todos os profissionais da Saúde e de um modo especial aqueles que ao AVC dedicam particular atenção na sua vida profissional.

Deste modo, tornamos o Congresso atractivo, explicando as 609 inscrições no 1.º Congresso, realizado em Fevereiro do ano passado. Estamos certos de que atingiremos neste 2.º Congresso igual ou mais elevado número de Congressistas.

Como sempre que a SPAVC organiza acções de formação, a população em geral não é esquecida e assim o Congresso dedica-lhe uma sessão na tarde do dia 26 de Janeiro, sábado, das 16.00 h às 18.00 h, com entrada livre, e que transmite de modo muito didáctico, que inclui testemunhos de vitimas do AVC, o essencial do que deve ser conhecido para combater a 1.ª causa de mortalidade e incapacidade em Portugal.


Prof. Doutor Castro Lopes
Presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC)

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