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Artigo de Saúde Pública®

Nº 64 / Novembro de 2007






17 Dossiê HEMATOLOGIA
Opinião: Especialistas consideram anemia importante problema de saúde pública
- Prof.ª Letícia Ribeiro
A anemia por falta de ferro é considerada pelos especialistas um importante problema de saúde pública. Alguns países, como por exemplo os Estados Unidos, suplementam o pão e outros alimentos com ferro. Esta medida não é consensual na comunidade médica, na medida em que existem pessoas com doenças que se associam a um excesso de ferro.

A Prof.ª Letícia Ribeiro, directora do Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, assinala os principais mecanismos fisiopatológicos que estão na origem da carência de ferro.

O baixo peso ao nascimento, um baixo aporte de ferro aquando da diversificação alimentar e a introdução do leite de vaca antes do 12 meses são responsáveis pela grande prevalência da carência de ferro no primeiro ano de vida. Nesta faixa etária a carência de ferro está associada a uma menor capacidade de aquisição de conhecimentos cognitivos, que parece ser irreversível.

Na adolescência é o crescimento rápido, muitas vezes associado a uma alimentação pouco rica em ferro, que vai condicionar o défice. Na mulher a anemia por falta de ferro é muito frequente devido aos fluxos menstruais abundantes.

Esta médica destaca que há duas situa­ções que conduzem à anemia e que hoje em dia raramente se registam entre nós. «Dar leite de vaca às crianças no primeiro ano de vida e não suplementar as grávidas com ferro. É algo que os cuidados primários resolveram bem, em ambos os casos. Existem excepções a combater, em especial nas zonas mais carenciadas, mas em Portugal a situação não é crítica.»

Como se manifesta a anemia

A anemia manifesta-se por palidez e cansaço fácil e é diagnosticada através de um hemograma que mostra um valor baixo de hemoglobina e uns glóbulos vermelhos mais pequenos e mais «descorados» que os normais. Letícia Ribeiro sustenta ainda que, «antes mesmo de haver anemia, há lugar a uma carência de ferro nas outras células do organismo que se associa a falta de forças e a uma diminuição da capacidade de trabalho e de atenção».

O tratamento com ferro deve ser feito, de acordo com a hematologista, «de modo a normalizar os níveis de hemoglobina e fornecer ferro para os depósitos de reserva no organismo, que serão utilizados em situações de carência».

Para além das anemias por falta de ferro, que são muito frequentes em todo o mundo, há outros tipos de anemias, congénitas ou associadas a outras doenças. Algumas das anemias congénitas são relativamente frequentes, em especial em alguns grupos populacionais.

E podem também constituir um problema de saúde pública. Com o aumento do número de imigrantes que Portugal acolhe, muitos deles vindos de países onde estas patologias têm prevalências mais elevadas, «os nossos cuidados primários têm de estar mais alerta para a detecção dos portadores», diz Letícia Ribeiro.

Esta médica explica que a maioria das anemias congénitas são herdadas de pais portadores de alterações nos genes das cadeias da hemoglobina. Os portadores não são doentes, mas um casal de portadores tem, em cada gestação, 25% de probabilidade de ter um filho com uma anemia muito grave, que pode ser dependente de transfusões para toda a vida. Estas patologias chamam-se talassemias. As formas graves são a beta-talassemia major e intermédia, os portadores têm beta-talassemia minor.

Outra forma grave de anemia congénita hereditária é a drepanocitose, que cursa com anemia e episódios de dores muito intensas. Nestes casos os pais são em geral portadores de uma variante de hemoglobina (hemoglobina S) que não dá nenhuma sintomatologia, mas, tal como na beta-talassemia, um casal de portadores tem, em cada gestação, 25% de probabilidades de ter um filho com uma doença grave – drepanocitose.

Letícia Ribeiro sublinha que «a identificação dos indivíduos com beta-talassemia minor e dos portadores de hemoglobina S (AS) é fundamental para detectar os casais em risco de ter filhos com as formas graves destas patologias. O diagnóstico é feito através de um estudo de hemoglobinas».

Em Portugal, a prevalência destas hemoglobinopatias não é uniforme, sendo maior no Alentejo e no Algarve devido à influência das populações do Norte de África. Na população que habita a Região Centro é de cerca de 2,1%. A situação é mais preocupante entre os imigrantes oriundos de África, do Brasil, da Ásia e da Índia.

«Não só porque as hemoglobinopatias são mais frequentes nestas populações, mas também porque são as que menos acorrem aos cuidados primários», esclarece a especialista.

«Na Zona Centro de Portugal estamos, desde há dois anos, a fazer um estudo de hemoglobinas às mulheres grávidas que frequentam os centros de saúde. O sangue é colhido por picada no dedo e é-nos enviado pelo correio. Este rastreio é feito em colaboração estreita com os respectivos médicos de família. Sempre que diagnosticamos ou suspeitamos de uma hemoglobinopatia contactamos o centro de saúde para que o casal seja convocado e estudado. Se só um é portador não há problema, se os dois são portadores são enviados à nossa consulta onde são orientados», completa Letícia Ribeiro.

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