Artigo de Saúde Pública®
Nº 58 / Abril de 2007
10 Especial CERVEJA E SAÚDE
Consumo moderado de cerveja pode ajudar a prevenir osteoporose
Um estudo realizado pelo Departamento de Nutrição e Gastrenterologia do King’s College, em Londres, sugere que o silício, um dos minerais que compõe a cerveja, favorece o processo de formação dos ossos e, logo, poderá ter benefícios na prevenção da osteoporose.
O consumo moderado de cerveja pode trazer benefícios para a saúde dos ossos. Esta é a principal conclusão de um estudo científico que já foi apresentado em Portugal pelo Dr. Jonathan Powell, do Departamento de Nutrição e Medicina do King’s College de Londres. O estudo identifica os efeitos do silício na estrutura óssea e os alimentos e bebidas que têm mais silício.
A conclusão principal é que «o silício promove o colagénio dos ossos, conferindo-lhes força e flexibilidade», esclarece o investigador principal do estudo. Este trabalho envolveu a observação de mais de 1200 homens e 1500 mulheres, entre os 30 e os 87 anos, tendo sido verificado que a densidade óssea da anca e da coluna vertebral aumentavam com a ingestão de ácido silícico.
Verificou-se ainda que «a ingestão de quantidades adequadas de silício até perto dos 35 anos, idade em que se atinge o pico de maturação óssea, pode ajudar a prevenir a ocorrência de osteoporose em idades mais avançadas».
Um aspecto interessante é que este efeito varia com o género – os homens beneficiam mais do silício do que as mulheres – e está também dependente de factores hormonais, pelo que as mulheres no pós-menopausa já não usufruem da ingestão de silício.
As principais fontes alimentares deste mineral são a água mineral, a cerveja, os cereais, bem como alguns frutos e vegetais. «A cerveja se destaca claramente de todos estes alimentos e bebidas, na medida em que contém doses elevadas de silício, mas também porque esse silício é biodisponível, ou seja, está sob a forma de ácido silícico, que é facilmente assimilado pelo organismo», refere
o investigador.
De acordo com Jonathan Powell, «beber um copo de cerveja por dia fornece aproximadamente seis miligramas de silício, que é cerca de 20% da dose diária recomendada». Sendo assim, «o benefício máximo seria atingido com dois ou três copos de cerveja por dia», concluiu o especialista, sem deixar de advertir para o facto de que o consumo abusivo de qualquer bebida alcoólica é completamente desaconselhado.
O papel do silício na formação dos ossos
A função mais bem-documentada do silício é a que consiste no desenvolvimento ósseo. O osso é formado por fosfato de cálcio e uma matriz de proteínas que contém colagénio, entre outros elementos. «O silício parece desempenhar um papel estruturante no desenvolvimento dos complexos proteicos durante as primeiras fases do desenvolvimento ósseo. Também é capaz de aumentar a taxa de mineralização do osso e aumentar a fixação de cálcio no osso», diz Jonathan Powell.
Alguns estudos anteriores já tinham mostrado que o silício aumenta a densidade óssea e a força do fémur e que, em animais, a falta de silício resultava em ossos fracos e com deformação.
Outro dos antecedentes deste estudo prende-se com a relação entre o efeito do silício no fortalecimento ósseo e a idade: estudos realizados em ratos indicavam que depois da menopausa o efeito fortalecedor era quase nulo.
Em parceria com as universidades de Tufts e Harvard, ambas norte-americanas, o presente estudo mostrou, numa fase inicial, que a ingestão de silício está positivamente associada à densidade óssea em humanos. Mais recentemente, a mesma equipa de investigadores descobriu que o papel do silício na formação dos ossos era notório em mulheres na pré-menopausa, mas não na pós-menopausa.
A pesquisa de Jonathan Powell, depois de ter demonstrado que o silício promove a densidade óssea, está a procurar explicar o mecanismo através do qual esse benefício acontece.
NUTRIENTES MAIS IMPORTANTES
Minerais
O silício, que existe na cerveja sob a forma de ácido silícico, contribui directamente para a saúde e força dos ossos e, se for ingerido em boas doses até cerca dos 35 anos, pode previnir o aparecimento de osteoporose em idades mais avançadas.
É ao malte que se devem os minerais presentes na cerveja. O potássio e o sódio são dois minerais que interferem na tensão arterial e o facto de ambos estarem presentes na cerveja num grau de concentração proporcional faz com que ajudem a regular a tensão. O magnésio, por sua vez, é importante no metabolismo dos músculos.
Vitaminas
A cerveja é produzida a partir de malte de cevada e o malte é rico em ácido fólico e outras vitaminas do complexo B, que são importantes no equilíbrio nervoso, na digestão e no metabolismo dos glúcidos. O ácido fólico é particularmente importante na prevenção da anemia, ou seja, da capacidade de oxigenação dos tecidos, mas também na prevenção de doenças cardiovasculares e cancro.
Água
A água, constituinte maioritário da cerveja (cerca de 90% nas cervejas correntes), é muito importante para a sua qualidade e determinante para a composição química. Beber cerveja é, pois, uma forma de adquirir água, substância essencial à vida, e um bom meio de saciar a sede ingerindo um teor relativamente baixo de álcool.
Etanol
O etanol ou álcool etílico existe em pequenas quantidades na cerveja. Numerosos estudos científicos têm vindo a provar que uma ingestão moderada e periódica de álcool, seja através de vinho, cerveja ou outra bebida alcoólica, tem efeitos benéficos para a saúde, com especial de destaque na prevenção de acidentes cardiovasculares, como por exemplo ataques de coração e algumas formas de trombose. Muito claramente, estes estudos também mostram que o consumo excessivo de etanol tem graves efeitos para a saúde, por isso a palavra de ordem é moderação.
E, claro, há sempre a hipótese da cerveja sem álcool, com sabor semelhante e as mesmas propriedades nutricionais.
Fibra
A cerveja contém fibra alimentar solúvel. Além de favorecerem o regular funcionamento dos intestinos, as fibras têm uma acção benéfica ao diminuírem o tempo de digestão e absorção dos alimentos. As fibras são ainda benéficas porque contrariam a absorção de gorduras prejudiciais, designadamente, o mau colesterol.