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Artigo de Saúde Pública®

Nº 58 / Abril de 2007






04 E depois do enfarte do miocárdio? – Angioplastia primária salva a vida em cerca de 95% dos casos
(Entrevista ao Dr. Lino Patrício)
Com todas as formas de tratamento que existem hoje, a taxa de sobrevivência depois de um enfarte agudo do miocárdio pode ascender a mais de 95%. Tudo isto porque, no início dos anos 90, apareceu a angioplastia, uma intervenção que permite desobstruir as artérias lesadas e, assim, restabelecer o fluxo sanguíneo para o coração.


No Laboratório de Hemodinâmica do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, os dias passam a correr, literalmente a correr, para salvar vidas. Naquela quarta-feira à tarde, amostra do que ali se passa todos os dias, vêem-se entrar vários doentes e nota-se que, perante casos mais graves, o atendimento é imediato. Foi o que se passou com Adelaide Martins (nome fictício), uma mulher de 49 anos, reencaminhada do Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, por ter sofrido um enfarte do miocárdio.

O primeiro passo foi fazer-lhe o diagnóstico, através do cateterismo, para saber qual ou quais da(s) artéria(s) lesada(s) impede o normal fluxo sanguíneo para o coração.
O cateterismo é um exame praticamente indolor, feito através da punção de uma artéria periférica, geralmente a femoral, que se localiza na virilha. Após a anestesia local, faz-se um minúsculo furo na artéria e coloca-se no seu interior um introdutor, com cerca de dois milímetros (2 mm) de diâmetro. Pelo interior deste introdutor, o cateter desloca-se até às artérias coronárias.

Depois de atingir a origem de cada uma das artérias coronárias (direita e esquerda), injecta-se um produto de contraste que permite a visualização do seu interior, confirmando a existência de doença e permitindo tomar a melhor decisão quanto à forma de tratamento: medicação, angioplastia coronária, cirurgia coronária ou a combinação destas modalidades.

No caso de se optar pela angioplastia, é, frequentemente, possível fazê-la no seguimento do cateterismo. Foi esta a decisão que o Dr. Lino Patrício, o médico responsável pelo Laboratório de Hemodinâmica do Hospital de Santa Marta, tomou para salvar a vida de Adelaide Martins.

O diagnóstico confirmou que esta mulher de 49 anos tinha sofrido um enfarte agudo do miocárdio. Das três artérias que mantêm o coração vivo, apenas uma delas – a direita – estava a funcionar. Quanto às outras, a artéria circunflexa (CX) estava totalmente obstruída e a artéria descendente anterior (DA) tinha 99% de obstrução.

«Se não fizesse nada», assegura o médico, «esta doente morria nos próximos dias, pois, com esta anatomia coronária, se a DA obstruísse a 100%, resultaria numa arritmia e, depois, em morte».

Restabelecer a circulação arterial

O relógio marcava 17.10 h quando se iniciou a angioplastia, neste caso a chamada angioplastia diferida e não a primária, que deve ser feita nas 12 horas após o enfarte.
É que Adelaide já tinha sofrido o evento há mais de 24 horas e o que, neste tempo de espera, a manteve viva foram os três antiagregantes plaquetários (medicamentos que previnem a formação de trombos no interior das artérias) que lhe administraram no Hospital da Covilhã.

A angioplastia coronária é uma técnica de tratamento, efectuada por via percutânea, que permite a desobstrução do lúmen da artéria mediante a dilatação das placas de aterosclerose (acumulação de lípidos e trombos no interior da artéria, dando origem ao seu entupimento).

«Ao nível coronário, a angioplastia é utilizada para tratar os doentes depois de eles terem passado por uma destas duas situações clínicas: a angina de peito (obstrução parcial das artérias) ou o enfarte do miocárdio (obstrução total)», explica Lino Patrício, também presidente do Grupo de Estudos de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

A dilatação das artérias é obtida através de um balão que chega ao local de obstrução pelo cateter-guia. A angioplastia pode consistir na desobstrução da artéria com um balão, insuflado no interior da artéria, que depois é retirado, ou através da desobstrução por balão com a colocação de um stent – prótese metálica semelhante a uma malha que, normalmente, tem um diâmetro de 2,5 mm a 3,5 mm e cujo comprimento depende do tamanho da lesão. Esta peça ficará no interior da artéria para sempre, de modo a impedir que ela volte a entupir.

Relativamente à angioplastia feita a Adelaide Martins, o médico explica: «Primeiro, tentei proteger o vaso que restava. Então, consegui colocar o guia na artéria descendente anterior (DA) e fiquei mais tranquilo, porque, se alguma coisa mais grave acontecesse, podia ir lá colocar um balão e um stent, salvando esta artéria.»

Seguiu-se a desobstrução da artéria circunflexa (CX) através de um balão e colocou-se um stent de tamanho equivalente à lesão.
«Depois de ter a CX aberta, fui tratar a DA que estava lesada numa zona de bifurcação. Então, fiz-lhe uma angioplastia só de balão no ramo colateral e coloquei-lhe um stent no ramo principal», conta Lino Patrício.

De regresso à vida, mas com cautela Adelaide pode ser considerada ainda uma mulher jovem e tem aspecto disso, vive numa aldeia e não tem uma vida sedentária. Na posse destas informações, é inevitável pensar:
«Afinal, por que razão ela teve um ataque cardíaco?»
«Esta doente tem um enorme potencial trombótico (grande tendência para a formação de trombos nas artérias) e é, provavelmente, uma pessoa para fazer antiagregação dupla (tomar dois medicamentos antiagregantes) para sempre», diz o especialista. Mas Adelaide não tinha conhecimento deste seu problema.

«Ela só estava a tomar um medicamento para a hipertensão arterial. Para o colesterol não tomava nada, mas fazia caminhadas e não comia muitas gorduras. Tem é uma vida muito cansativa, com muitas preocupações e stress», diz a irmã de Adelaide, no final da angioplastia, que demorou cerca de 30 minutos, enquanto ela, naturalmente cansada, só sorria, mostrando que concordava com as palavras da sua irmã.

«Se esta doente fizer uma excelente prevenção secundária, como a taxa de insucesso destes stents ronda os 8%, a probabilidade de ela voltar à sala de hemodinâmica é relativamente baixa. No entanto, deve tomar, pelo menos durante um ano, os dois antiagregantes plaquetários, controlar a hipertensão, o colesterol, fazer exercício físico e ter cuidado com a alimentação», recomenda Lino
Patrício.

A angioplastia foi feita numa quarta-feira à tarde e no dia seguinte Adelaide Martins recebeu alta hospitalar. «Apesar de ser uma intervenção rápida, de curto internamento e que não exige cirurgia e anestesia geral, o doente não se pode considerar curado, pois trata-se de um problema de aterosclerose nas coronárias e isto exige que, no futuro, se adoptem hábitos de vida saudáveis e se controlem todos os factores de risco», salienta o médico.


Vale a pena saber…

– Antes de existir terapêutica, o enfarte do miocárdio tinha uma mortalidade que rondava os 20%;
– Nos anos 80, iniciou-se o tratamento com trombolíticos (um fármaco de administração intravenosa que desfaz os trombos) e a mortalidade por enfarte reduziu para os 10%;
– Com a angioplastia primária, que, em Portugal, se faz desde 1990, a mortalidade passou para 4%. Esta nova forma de tratar tem mostrado um sucesso acima dos 90%;
– Para além da angioplastia coronária, hoje em dia, também se faz a angioplastia das carótidas (artérias que irrigam o cérebro e que, quando entopem, resultam em AVC), das artérias periféricas, que irrigam as pernas e até das artérias renais;
– No Laboratório de Hemodinâmcica do Hospital de Santa Marta são realizadas 1600 angioplastias por ano, o que faz com que este seja o maior centro da Península Ibérica.


Texto: Madalena Barbosa

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