Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são a principal causa de morte em Portugal e uma das principais causas de incapacidade.
São devidos ao bloqueio da circulação de sangue, causando um AVC isquémico (trombose) ou, em menor número, ao rompimento de um vaso causando uma hemorragia (derrame). Os sintomas mais frequentes são dificuldade em falar, desvio da boca para um dos lados e falta de força num braço.
Existem características e comportamentos nas pessoas que fazem com que o risco de ter um AVC seja superior ao de pessoas que os não possuam. São os chamados «factores de risco». Alguns não podem ser modificados, como a idade, ou o sexo (os homens têm maior probabilidade de sofrer um AVC), mas outros podem e devem ser corrigidos.
A hipertensão arterial, é uma das principais causas de AVC. É uma doença silenciosa, que vai danificando os vasos sanguíneos, mesmos que os valores medidos não pareçam muito altos.
Importa impedir que se desenvolva, reduzindo o consumo de sal e de álcool, controlando o peso e fazendo exercício físico. É necessário medir os seus valores regularmente, em especial se existem outras pessoas na família com tensão alta. Uma vez estabelecida, para além dos cuidados já referidos, é fundamental cumprir a medicação prescrita pelo médico assistente, para obter valores o mais baixos possível.
A luta cada vez mais acentuada contra o tabagismo tem as suas razões de ser. Para além do seu papel como causador de cancro e bronquite crónica, é dos principais factores de risco para AVC: causa estreitamento das artérias, dificuldade de oxigenação das células cerebrais, entre outros malefícios. Mesmo o tabagismo passivo, a exposição ao fumo de outras pessoas, causa AVC. E vale a pena deixar de fumar, porque ao fim de 5 anos, o risco diminui consideravelmente. Claro que fundamental é não começar.
O colesterol elevado no sangue vai favorecer o desenvolvimento de aterosclerose e novamente o estreitamento das artérias.
É importante controlar os seus níveis recorrendo a dieta pobre em gorduras saturadas e rica em legumes e frutas, preferindo o peixe à carne. Existe medicação específica, que é muito eficaz na regularização dos valores de colesterol e na prevenção dos AVC.
A obesidade, também por fazer subir os valores de tensão arterial e de colesterol, predispõe à diabetes (que, por sua vez, é igualmente factor de risco) e causa sobrecarga sobre o coração, aumentando a probabilidade de AVC. Exercício físico regular e uma alimentação racional, ajustada às necessidades, variada, ajuda a combater este mal dos tempos modernos.
Doentes que já tenham tido um AVC isquémico devem tomar medicação que controla a função das plaquetas sanguíneas (importantes para a formação de trombos).
Estes remédios reduzem a probabilidade de novo AVC e, habitualmente, são para usar «toda a vida». Doentes com arritmias cardíacas podem necessitar de medicação anticoagulante.
Controlar e corrigir estes «factores de risco» é uma tarefa contínua, da responsabilidade de cada um, com o apoio do médico assistente. Mas não esquecer que o primeiro passo é evitar o seu aparecimento, pelo que são necessárias medidas de Saúde Pública, desde logo dirigidas à infância. Só assim conseguiremos evitar os AVC.
Dr.ª Carla Ferreira
Neurologista do Hospital de S. Marcos
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Em colaboração com Farmalux - Frupo Tecnifar