Artigo de Saúde Pública®
Nº 56 / Fevereiro de 2007
14 Saúde Animal - Uma questão de beleza canina
Os cuidados estéticos podem ser sinónimo de saúde
Pensar em cabeleireiros para cães pode soar a algo estranho. Mas não é nada de anormal. Em 1988, apareceu, em Portugal, a Canilândia, o primeiro «cãobeleireiro». Desde essa altura até agora, têm surgido, um pouco por todo o País, locais que se dedicam a tratar da beleza canina.
Os cuidados estéticos implicam muito mais do que um mero banho e uma tosquia: existem outras preocupações a ter em conta. «Cada penteado corresponde a uma raça canina, por isso tem de se ter atenção para não descaracterizar o cão», diz Maria da Paz Gutiérrez, uma das co-responsáveis pelo espaço Canilândia.
Mas o que fazer quando aparecem cães de raça mista ou indefinida? «Dependendo do tipo de pêlo, pode-se fazer uma transformação, ou seja, converter um cão sem raça num cão com raça», afirma.
A Federação Internacional definiu, em 1960, os padrões que se devem seguir em cabeleireiros caninos. Muito embora cada penteado esteja associado a uma raça, o cabeleireiro comercial pode optar por outros cortes, mas sem nunca «disfarçar o cão num palhaço, já que o animal merece respeito», salienta Maria da Paz Gutiérrez.
Evitar o corte radical
A primeira tosquia deve ter início a partir dos 6 meses de idade (com autorização do veterinário), uma vez que esta é a altura em que o plano de vacinação já está concluído.
«Um dos mitos em que as pessoas acreditam é que, na primeira tosquia, o cão tem de ser rapado para que o pêlo cresça mais forte. Isto é mentira», explica Maria da Paz Gutiérrez, que completa:
«Se o cão aparecer como uma “alcatifa”, opta-se por cortar o pêlo todo. No entanto, rapar o animal é o último recurso. Só se toma esta decisão quando o cão aparece cheio de nós, dado que desfazer o enovelado de pêlo pode provocar dor.»
Como defende a responsável pelo espaço da Canilândia, «há donos que rapam o pêlo só para não terem trabalho», mas esta solução acarreta alguns problemas de saúde para o animal:
«No Inverno, devido ao frio, o cão pode vir a sofrer de uma broncopneumonia, ao passo que, no Verão, a exposição ao sol e às altas temperaturas pode provocar queimaduras e insolação.»
Dar banho ao cão
Para além dos cuidados estéticos, o cabeleireiro explica aos donos qual o champô mais adequado para o tipo de pêlo, como deve proceder à escovagem do animal e a frequência de tempo em que devem dar banho ao cão.
Segundo Maria da Paz Gutiérrez, «ainda subsiste a ideia de que quantos mais banhos melhor para o cão e para a sua higiene. No entanto, para cães com muito subpêlo, o banho em excesso pode ser prejudicial».
Como alternativa ao banho, é possível utilizar um óleo de jojoba, que hidrata o pêlo e facilita a escovagem. Para cães de pêlo duro, que não têm necessidade de banhos frequentes, existem champôs secos que podem ser muito
úteis na higiene canina.