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Artigo de Saúde Pública®

Nº 54 / Dezembro de 2006






00 I - Desafios actuais e novas terapêuticas
- Dr. Florindo Esperancinha
Um dos maiores desafios actuais da Oftalmologia em termos de saúde pública centra-se no diagnóstico precoce.


Muitas patologias, como o glaucoma (GL), a degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), a retinopatia diabética (RD), a retinopatia da prematuridade (ROP), as ambliopias (olhos preguiçosos) estrábicas ou devidas à falta de correcção óptica, as lesões predisponentes ao descolamento da retina (DR) e outras patologias oftalmológicas são situações às quais a Oftalmologia actual dá resposta adequada, se atempadamente diagnosticadas e tratadas.

É obrigação de todos, entidades públicas, privadas, profissionais de saúde e população em geral contribuirmos para uma boa saúde vi­sual dos portugueses, colaborando em processos organizativos que melhorem a possibilidade de chegarmos mais próximo de quem precisa, pois a cegueira é, nos tempos modernos, passível de se evitar num elevado número de situações.

Um segundo desafio é a criação de centros de observação que permitam caracterizar o que se passa na realidade em Portugal nas diferentes á­reas em que a Oftalmologia pode intervir; conhecer a realidade nacional, sabermos ao certo quantos doentes existem a necessitar de tratamento por RD, GL, DMI ou ambliopias. Isto permitirá a quem tem de decidir fazê-lo com dados e programar de maneira adequada às necessidades.

Um terceiro desafio é a criação de centros de reabilitação para baixas visões e a integração dos doentes na sociedade. Neste campo, é fundamental a intervenção da sociedade civil que, com as suas organizações não governamentais ou de solidariedade social, terão de ser chamadas a colaborar com os poderes públicos, de forma a haver uma coordenação de todas as estruturas existentes, para nos podermos orgulhar de, no futuro, pertencermos a uma sociedade desenvolvida que tem nos seus activos humanos a sua mais-valia.

Assistimos, actualmente, a uma revolução na terapêutica de algumas doenças oftalmológicas para as quais, ainda muito recentemente, pouco tínhamos para oferecer aos doentes. Novas modalidades terapêuticas, isoladas ou em associações medicamentosas, criam expectativas e são já uma realidade na manutenção e melhoria de doenças como a DMI, a RD ou outras doenças oculares vasculares.

Os antiangiogénicos isolados ou em conjugação com os anti-inflamatórios esteróides e/ou a fototerapia dinâmica ou a radioterapia intra-ocular estão a revelar a sua eficácia no controlo destas patologias. Precisamos, no entanto, de algum tempo para que o que se prevê promissor possa ser consolidado, mas esta é a essência do progresso científico.

Estão já disponíveis medicamentos que permitem aos doentes com DMI (forma húmida) ganhos de visão. Mais uma vez se torna necessário que se actue a tempo, pois atrasos na instituição da terapêutica reduzem, substancialmente, os ganhos.

Nos diabéticos, quer na retinopatia proliferativa, quer no controlo do edema macular, os antiangiogénicos estão a demonstrar a sua eficácia e a aumentar a esperança, quando antes nada ou pouco se podia fazer. Não queremos, no entanto, dar a quem nos lê a ideia de que todas as situações são passíveis de ser tratadas com bons resultados.

Como em tudo, na Medicina, há indicações concretas e outras que nem indicação têm. Por isso, ninguém melhor que o seu oftalmologista para lhe dar toda a informação que procura para o seu caso, pois só ele(a) poderá ajudar informando, ou encaminhando para quem está mais familiarizado com estas novas terapêuticas.

Na cirurgia, a evolução tecnológica tem sido enorme. Na córnea, a cirurgia refractiva da miopia, astigmatismo ou hipermetropia é uma realidade; os transplantes totais ou parcelares da córnea têm permitido avanços com recuperações funcionais mais rápidas e menores rejeições.

Na cirurgia do vítreo e retina, os antiangiogénicos vieram criar condições para um maior sucesso em situações que anteriormente eram bastante mais complicadas. Nos glaucomas neovasculares ou nas situações em que a falência da cirurgia acontecia, estes novos medicamentos estão a abrir janelas de oportunidade na melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Os transplantes de células do epitélio pigmentar, os estudos com células estaminais, ou o cada vez maior conhecimento genético das doenças oculares são abordagens que muito contribuirão para uma melhor saúde visual dos cidadãos.

Da cirurgia oculoplástica à órbita, do estrabismo ao laser, um mundo de novas terapêuticas abrem caminho à esperança.


Dr. Florindo Esperancinha
Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
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