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Artigo de Saúde Pública®

Nº 54 / Dezembro de 2006






11 Saúde Animal
Fundamentos da vacinação
- Dr. Pedro Fabrica
As vacinas têm um papel extremamente importante no controlo de doenças infecciosas.

A maior parte das vacinas não confere uma protecção completa contra a infecção ou doença, ou seja, não induzem o mesmo grau de protecção em todos os animais. Entre os factores que afectam negativamente a capacidade de resposta individual de cada animal temos:

- Interferência dos anticorpos de origem maternal;

- Imunodeficiências congénitas ou adquiridas;

- Doença concomitante;

- Má nutrição;

- Medicação imunossupressiva;

- Stress (sobrepopulação e má higiene).

Assim, antes da vacinação efectuada pelo médico veterinário, os animais devem estar saudáveis . A vacinação pode não proteger completamente da doença ou infecção. Isto porque as condições ambientais deverão ser cuidadosamente avaliadas para se poder adaptar o esquema vacinal mais correcto.

Os objectivos gerais da vacinação são a protecção do maior número possível de indivíduos de uma população em risco e a vacinação individual para os riscos reais desse indivíduo.

Os gatinhos com menos de 16 semanas de vida e os gatos com acesso ao exterior são os grupos de maior risco. Os gatos que vivem sozinhos, ou num grupo pequeno, sem acesso ao exterior, e cujos donos não tenham contacto com outros gatos ou com as secreções desses mesmos, são os que menor risco correm.

Qual a vacinação básica num gato?

A vacinação básica é estabelecida pelo médico veterinário, mas, regra geral, considera-se que deve incluir a protecção e/ou a redução dos sinais clínicos para as seguintes três doenças: herpesvirose, calicivirose e panleucopenia felinas.

Herpesvirose e calicivirose

A rinotraqueíte felina é causada pelo herpesvírus-1 (FHV-1). Trata-se de um vírus estável a modificações ao longo dos últimos anos. A calicivirose é causada por diferentes tipos de calicivírus (FCV), que são instáveis e sofrem alterações ao longo do tempo.

Ambos são as principais causas de infecções do trato respiratório superior. Estes vírus são excretados nas secreções ocular, nasal e faríngeas dos gatos infectados.

Estes vírus são transmitidos directamente gato a gato, através de gotículas contaminadas dispersas pelos espirros, ou indirectamente, através de materiais e utensílios contaminados por secreções.

Os gatos infectados podem desenvolver doen­ça oculonasal crónica. A infecção latente por FHV-1 pode durar toda a vida felina; a reactivação pode ocorrer durante períodos de stress ou após administração de corticosteróides.

Alguns gatos infectados por FCV ficam persistentemente infectados e excretam vírus por períodos prolongados (meses a anos). Raramente causa doença severa em gatos, no entanto, pode ser fatal em gatinhos. Recentemente, foi identificada uma variante de calicivírus, hipervirulenta (EUA e Reino Unido), que induz um estado hemorrágico no gato, levando à sua morte.

O risco de exposição ao herpesvírus e calicivírus é elevado, daí a necessidade de vacinação. A vacinação deverá começar às 8 semanas e um segundo reforço vacinal deverá ser administrado às 12 semanas. A revacinação deverá ser anual, seguindo as recentes recomendações do Grupo de Trabalho Europeu sobre Doenças Felinas Infecciosas (www.abcd-vets.org). De referir que os agentes vacinais para calicivírus devem ser os mais actuais, para garantir uma protecção mais adequada ao terreno.

As vacinas induzirão uma resposta imunitária que diminuirá a intensidade dos sinais clínicos, em caso de contacto com o agente de doença.

Panleucopenia

É causada por um parvovírus felino. O vírus mantém-se infeccioso durante meses a anos no meio ambiente, sendo, essencialmente, disseminado pela via rectal-oral, assim como através de utensílios e materiais contaminados (tigelas, jaulas, liteiras).

Os sinais clínicos desta infecção são a apatia, a anorexia, o vómito, a diarreia, a febre e a profunda diminuição das células de defesa.

A taxa de mortalidade é elevada entre os gatinhos susceptíveis. A vacinação é altamente recomendada às 8 e 12 semanas, com posterior reforço anual, sendo que as revacinações seguintes poderão ser anuais ou trienais, consoante a vacina utilizada.

Sabe-se, também, que os parvovírus caninos podem induzir uma doença semelhante nos gatos. No entanto, a vacinação protege os gatos para os referidos vírus caninos.

Que outras vacinas podem ser necessárias?

Leucemia felina (FeLV)
O vírus da leucemia felina infecta gatos em todo o mundo. A transmissão é feita por saliva ou secreções nasais, resultantes do estreito contacto entre gatos, por mordedura ou partilha de água, comida e utensílios. O vírus pode ainda ser transmitido nos gatos pela transfusão sanguínea, assim como através da gestação e lactação para os gatinhos.

Os sinais clínicos de infecção de FeLV podem incluir o tumor, a anemia e doenças secundárias à imunossupressão induzida. Os gatinhos (com menos 16 semanas de idade) são os mais susceptíveis à infecção por FeLV, uma vez que a resistência à infecção aumenta com a idade.

Os gatos com maior risco de contágio são os que residem ou têm acesso ao exterior, os que vivem em conjunto com vários gatos ou os que vivem com outros gatos infectados com FeLV ou de estado desconhecido. Nestas situações é recomendada a vacinação dos gatinhos, assim como posteriores reforços vacinais anuais.

Recomendam-se vacinas sem adjuvantes, que reduzem significativamente o risco de reacções locais, tornando a vacinação ainda mais segura. Aliás, é recomendada a ausência de adjuvantes nas vacinas administradas no gato, devido à conhecida correlação entre a presença de adjuvante e a ocorrência de complicações locais.

Clamidiose
Duas em dez infecções oculares em gatos são devido a clamídia. Trata-se de uma bactéria patogénica da conjuntiva ocular e do trato respiratório dos gatos. A transmissão é feita através do contacto directo entre gatos, sendo menos provável através de utensílios contaminados, uma vez que o agente é instável no meio ambiente.

Os sinais clínicos mais comuns são a conjuntivite serosa de um olho, podendo depois generalizar, havendo também envolvimento nasal, com espirros e descarga nasal. Esta situação afecta, sobretudo, gatos entre as 5 semanas e os 9 meses de idade.

A vacinação para a clamidiose está recomendada em gatos que vivam em áreas, em que haja incidência da doença, em gatos que frequentem gatis, exposições ou que vivam ou entrem em contacto com vários gatos. Deve ser feita a vacinação anual e posteriores reforços vacinais anuais.

Raiva
Embora há mais de três décadas, o País esteja sem registo de casos de raiva, sabe-se que a possibilidade de existência do vírus, devido a migração de mamíferos contaminados, quer domésticos, quer selvagens, será sempre viável, tornando-se assim numa ameaça para qualquer mamífero, incluindo o Homem.

Embora o gato seja mais resistente à infecção, é também uma potencial fonte de infecção. O tratamento é ineficaz quando os gatos apresentam sinais clínicos. Em qualquer suspeita de infecção, o médico veterinário deverá ser informado. Embora, a legislação obrigue só a vacinação anual canina e de gatos que estejam expostos, também os gatos que vivem no exterior, em contacto com espécies cinegéticas e/ou selvagens deverão ser vacinados.

Chamo a atenção para o gato viajante, que deverá ser vacinado e posteriormente testado (intervalo designado pelo país de destino – informações fornecidas pelas respectivas embaixadas/consulados), para a confirmação de presença de anticorpos vacinais para o vírus da raiva.

Existem outras doenças passíveis de vacinação, mas que, quer por baixa incidência das mesmas, quer por inexistência de vacinas disponíveis no mercado, ou ainda quer pela baixa eficácia dessa vacinação, não são aqui referidas.

Vacinar sempre…

Em suma, existem três doenças básicas para as quais todos os gatos deveriam ser vacinados: herpesvirose, calicivirose e panleucopenia. Existem vacinas adicionais (contra leucemia, clamidiose e raiva) que deverão ser administradas conforme o estilo de vida do seu gato (sobretudo em gatos que vivam ou tenham acesso ao exterior ou que vivam em conjunto com outros gatos).

O tipo de vacina usado deverá ter em conta a ausência de adjuvantes (maior segurança), presença dos agentes mais recentes (maior eficácia) e uma gama abrangente para se poder adaptar a cada tipo de gato. Para saber mais sobre vacinação ou outras questões de saúde do seu gato de estimação, fale e consulte sempre o seu médico veterinário!


Dr. Pedro Fabrica
Médico veterinário
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