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Artigo de Saúde Pública®

Nº 51 / Setembro de 2006






16 O futuro da Pediatria Ambulatória – Dr.ª Helena Porfírio
Este ano temos a oportunidade de receber em Portugal, mais propriamente
na histórica cidade de Coimbra, o 17.º Congresso da Sociedade Europeia de Pediatria Ambulatória.



A sua filiada congénere, a Secção de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria será a anfitriã deste evento contribuindo, assim, para aprofundar a reflexão sobre esta importante área da Pediatria – área basilar dos cuidados de saúde à criança e ao adolescente.

A Pediatria Ambulatória é mais do que propriamente uma Consulta Externa e não se esgota nem confunde com a Vigilância de Saúde Infantil. Possui como meta/objectivo manter a criança fora do hospital (Royal College of Pediatrics and Child Health, UK). «…trata daquelas crianças que aparentemente não estão doentes…» como dizia um dos adolescentes que atendo regularmente.

Temos assistido à evolução da prevalência das patologias pediátricas, com diminuição das doenças infecciosas e carenciais e com a explosão de patologias, muitas delas com carácter de cronicidade e complicações a longo prazo não desprezíveis. É o caso da obesidade com as suas complicações endocrinológicas, metabólicas, respiratórias, osteoarticulares, psicológicas, sociais e económicas, é o caso das perturbações do comportamento, tantas vezes associadas a insucesso académico, com as repercussões psicológicas, familiares, sociais e económicas daí resultantes. Os maus-tratos com profundas sequelas e custos pessoais, familiares e sociais.

É também a maior sobrevida de patologias que outrora tinham uma mortalidade elevadíssima: como as sequelas da grande prematuridade, dos traumatizados cranianos graves, das cardiopatias complexas congénitas operadas, das doenças metabólicas, da patologia do desenvolvimento e
neurológica, etc., etc.

Assim, a Pediatria Ambulatória reveste-se, face às novas exigências, de novos papéis e obrigações que passamos a enumerar:

1- assegurar a continuidade dos Cuidados Primários,

2– interpretar os novos dados da Genética e das suas implicações em Medicina Preditiva,

3- assegurar o diagnóstico precoce e a prevenção de diversas patologias em todas as etapas do desenvolvimento, e especialmente prevenir as doenças do adulto,

4- antecipar e seguir as novas morbilidades, em particular as perturbações psicossociais e do comportamento,

5- assegurar os cuidados de saúde do adolescente, tanto nas situações patológicas como no diagnóstico precoce e de prevenção,

6- assegurar o diagnóstico das patologias agudas e seu tratamento, incluindo a urgência,

7- tomar a seu cargo as patologias crónicas ou complexas em parceria com os especialistas daquelas áreas e integrando as equipas multidisciplinares,

8- colaborar com o pediatra hospitalar no sentido de assegurar uma orientação global da criança assim como a continuidade dos cuidados no decurso de uma hospitalização,

9- aplicar e utilizar as novas tecnologias de informação para melhorar a formação contínua, obter informação, comunicar
com outros profissionais e com os pais,

10- suscitar, promover, desenvolver projectos de Educação para a Saúde em parceria com organizações governamentais e não governamentais,

11- impulsionar e participar activamente na investigação científica e avaliação de projectos e estudos da Qualidade dos cuidados de saúde à criança e ao adolescente.

Em Portugal a Pediatria Ambulatória vive com e de uma interface de partilha entre variados parceiros numa distribuição muito assimétrica dos pontos de vista geográfico e socioeconómico.

Os Cuidados Primários prestados à criança e ao adolescente processam-se quer em termos de Vigilância de Saúde Infantil pelos médicos de família, quer de Pediatria Ambulatória pelos pediatras de Consultas Pediátricas de Referência nos Hospitais e nalguns Centros de Saúde, quer pelos pediatras que exercem a profissão em Actividade Liberal, quer pela fácil entrada na Urgência Hospitalar.

Criou-se, assim, uma acessibilidade única aos cuidados pediátricos que não existe nos restantes países da Europa. Este sistema não assegura necessariamente o princípio da equidade em relação à saúde, princípio tão caro do ponto de vista ético e aos decisores políticos. E apesar dos defeitos que lhe conhecemos e de que nos queixamos, possuirá virtudes e uma relação custo eficácia que poderá ser favorável, se colocarmos como endpoint a qualidade do diagnóstico final, rapidez de diagnóstico e outros indicadores de qualidade.

A época em que vivemos é de grande adaptação aos novos desafios de comunicação, organização (familiar, laboral e social) e demográficos (imigração adopção internacional) entre outros.

A par com tudo isto a sociedade é cada vez mais instruída e exigente em termos de qualidade e especialização dos cuidados de saúde. Coloca-se assim ao pediatra de ambulatório a necessidade de uma formação ampla e acurada nesta área da pediatria, a exigência de trabalhar em equipa com outros técnicos, e uma intervenção proactiva
junto dos leaders políticos e sociais contribuindo para a promoção da saúde e qualidade de vida das crianças e adolescentes.


Dr.ª Helena Porfírio
Presidente da Secção de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPA-SPP)

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