– Dr. Álvaro Cidrais
Dr. Álvaro Cidrais
Geógrafo e Consultor
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Por que não imaginar um país mais saudável? Por que não ambicionar mais alto e educar para lá chegar? Por que não fazê-lo com as empresas e os cidadãos? São questões fundamentais para pensar diferente e encontrar soluções sustentáveis na saúde.
Há alguns meses que escrevo mensagens críticas, mas de esperança em relação à Saúde. Por vezes, acutilantes. Raramente ofensivas. Acredito que o nosso futuro comum e a Saúde Pública são construídos por nós, em interacções constantes, de acordo com a maneira como pensamos e lemos os factos da vida. Também são palco de interesses comerciais e eleitorais e, nestas áreas, de jogadas eticamente condenáveis.
Não pode ser por esse motivo que devemos olhar para a Saúde como um mundo de coisas más e de desgovernos.
A Saúde está mal gerida!? Pelos públicos e pelos privados!?
Estará sempre mal gerida, porque as necessidades são crescentes, as dinâmicas económicas e sociais, as acções dos indivíduos e das empresas provocam alterações sucessivas nos ambientes, nos mercados, nos processos. Os recursos são escassos e as expectativas são altas.
Será mal gerida enquanto não for palco de concertação entre a sociedade civil, estado e empresas. Estará mal enquanto a olharmos pela óptica jornalística e económica dos custos e dos proveitos, dos erros e das desgraças.
Mas, a saúde é um campo de extraordinário progresso em Portugal. Quem dera ao País que a média dos sectores industriais acompanhasse o nível de qualidade das indústrias da saúde, designadamente dos sectores farmacêutico e laboratorial. Que bom seria se os serviços educacionais tivessem um desempenho similar ao dos hospitais públicos e privados!
Afinal, o sector da saúde é muito melhor do que a maioria dos sectores económicos e sociais do País e, por isso, devemos continuar a apostar e a investir nesta área de actividade. Devemos ser ambiciosos, olhar para as suas virtudes – superiores aos defeitos – e sonhar.
Temos de querer ir mais além, transpondo algumas das ideias geradas neste campo para outros espaços da vida portuguesa.
Quando procuramos atingir os mais elevados níveis de desenvolvimento humano, devemos perguntar: «como poderia ser?». Depois, com base na resposta, devemos guiar a acção. Pouco conseguimos quando olhamos fixamente para o «como é?» e gastamos horas a criticar os que fazem, os que experimentam e erram.
Agora já temos um semanário gratuito de saúde, os médicos que aparecem em público demonstram uma crescente sensibilidade humana, a telemedicina apresenta resultados e benefícios claros, os hospitais públicos têm melhores processos de atendimento e de gestão, o sector farmacêutico une-se de forma consistente para inovar, exportar medicamentos e criar emprego, os sistemas de avaliação são aceites como «sistemas educadores e promotores de qualidade», etc.
Agora, que temos muito e bom na Saúde, inclusivamente, possuímos uma elevada competência nacional na área da Saúde Pública, ao nível do que melhor se faz no mundo, representado pela Escola Nacional de Saúde Pública, pela Direcção-Geral de Saúde, pelo Instituto Ricardo entre outros…
Por que não temos uma boa educação para a saúde nas escolas? Por que não queremos mais?