Artigo de Saúde Pública®
Nº 46 / Março de 2006
00 IV Há 15 anos a lutar pelo controlo da hipertensão
FRANCISCO PÉREZ, 56 ANOS: Há 15 anos a lutar pelo controlo da hipertensão
Tudo parecia correr bem e a saúde não se queixava. Até que um dia a hipertensão arterial se manifestou e de forma agressiva: Francisco Pérez sofreu um enfarte do miocárdio aos 41 anos. Desde então para cá, a luta diária tem sido controlar os níveis da tensão arterial para não correr riscos.
Pode dizer-se que Francisco Pérez, técnico de farmácia de profissão, vive há 15 anos sob a ameaça da hipertensão, depois de, aos 41 anos, ter sofrido um enfarte agudo do miocárdio. «Eu não era hipertenso», diz. Mas o facto é que os médicos fundamentaram este episódio, essencialmente, nos níveis elevados da tensão arterial e do colesterol.
Mesmo trabalhando numa farmácia, Francisco Pérez raramente media a sua tensão arterial. Mas há instantes que mudam toda uma vida e, desde os 41 anos até aos actuais 56, este técnico de farmácia não mais descurou a tensão arterial. «Hoje em dia, não corro tantos riscos, pois meço a tensão todas as semanas na farmácia e até já tenho um aparelho em casa», conta.
Na altura em que sofreu o enfarte, disseram-lhe que se devia, essencialmente, à hipertensão e ao colesterol, mas também o tabaco, o stress e uma vida profissional que obriga ao sedentarismo poderão ter contribuído para este evento.
«Agora, tenho muito cuidado para não correr o risco de ter um novo enfarte», diz Francisco Pérez, concretizando:
«Depois do ataque cardíaco, para além dos cuidados redobrados, comecei a ter consultas com um cardiologista duas vezes por ano e o que me acompanha actualmente já me segue há 10 ou 11 anos. Faço também exames de rotina com frequência, como análises preliminares aos triglicéridos e ao PSA.»
Aprender a viver com o problema
A ameaça da hipertensão não dá descanso: «Por vezes, os níveis da minha tensão estão mais altos, o que acontece, principalmente, quando vou medi-la ao médico, mas penso que isso se deve ao “efeito de bata branca”.»
Aos 56 anos, e depois de um dia ter sentido a vida ameaçada por um enfarte, este técnico de farmácia decidiu abandonar alguns hábitos do passado, em prol da sua saúde. «Nunca mais me esqueci do que o médico me disse na altura do enfarte: “Olhe meu amigo, agora só vai beber quando tiver sede”», recorda.
E as mudanças adoptadas nesta «nova etapa de vida» foram algumas: «Comecei a evitar os grandes esforços, como manter os braços levantados por muito tempo, fumava um maço de tabaco por dia e agora fumo, no máximo, cinco cigarros e só bebo álcool em ocasiões especiais.»
Mas nem tudo o que poderia ser feito está a ser seguido: «Continuo a ter uma vida sedentária durante a semana e a viver sob stress. O exercício físico que faço é tratar do jardim e do quintal ao fim-de-semana e faço também algumas caminhadas», confessa este técnico de farmácia.
Dizem que a hipertensão é um mal que avança silencioso até surgirem as complicações mais graves e o caso de Francisco Pérez confirma o dito. «Antes de ter o enfarte, nunca tinha sentido nada. Agora, quando atravesso momentos de maior stress, sinto uma dor no peito. Quando isto me acontece, o que não é frequente, tomo uns medicamentos indicados para essa dor.»
Hoje em dia, desde que não esqueça o tratamento, Francisco Pérez não corre o risco de a sua tensão arterial ascender a níveis demasiado preocupantes. E, apesar do que lhe aconteceu, este técnico de farmácia até deixa uma mensagem a quem se venha a deparar com problemas de saúde: «Há que aprender a viver com o problema que temos e, quando falo em aprender, quero dizer que nos devemos adaptar e fazer todas as alterações necessárias à nova situação de vida», aconselha.