Artigo de Saúde Pública®
Nº 45 / Fevereiro de 2006
05 Dossiê Cirurgia Plástica - Contornar o envelhecimento da pele
RUGAS, MANCHAS, PELE DESCAÍDA E FLÁCIDA
Manter um rosto liso e sedoso e um corpo esbelto ao longo de toda a vida é o sonho da maioria das pessoas. Hoje em dia, são muitos os que tentam converter esse sonho em realidade, mas agir com prudência e informar-se ao máximo é essencial para que, afinal, o sonho não se transforme em pesadelo.
Os anos passam inevitavelmente e são vários os rastos desta passagem. Uns invisíveis, e outros bem estampados à flor da pele. Muitas pessoas não se incomodam com as marcas visíveis do envelhecimento, mas são cada vez mais as que fazem tudo o que estiver ao seu alcance para manter um aspecto jovem.
Mas, para que este desejo não desemboque num acto irracional e de desagradáveis consequências, há que estar munido de muita informação, ponderação e, acima de tudo, não confiar a cara e o corpo a mãos alheias sem ter o mínimo conhecimento do que estas serão capazes de fazer.
O papel do cirurgião plástico não passa apenas pelo tratamento. «A nossa função é, também, alertar a pessoa para o facto de que os resultados poderão não corresponder à expectativa, de modo a prevenir problemas posteriores», defende Miguel Andrade, cirurgião plástico do Hospital Egas Moniz, membro do European Board of Plastic Surgery e director da Clínica Faccia (Lisboa).
Quando se fala em antienvelhecimento numa vertente estética é comum pensar-se imediatamente em tratamentos anti-rugas faciais, mas também as rugas das mãos e a flacidez generalizada do corpo (mais notada no peito, parte interna das coxas, abdómen e costas) são alvos visíveis da passagem dos anos e, também aqui, é possível fazer algo para disfarçar as marcas do envelhecimento.
Existe, hoje em dia, uma vasta panóplia de métodos de tratamento antienvelhecimento que, simplificadamente, se podem resumir em dois tipos: os mais agressivos ou intervencionistas e os mais conservadores (não cirúrgicos).
«As técnicas cirúrgicas podem ser as mais variadas, dependendo da zona a tratar», elucida Miguel Andrade. As do rosto, conhecidas por liftings, podem ser mais profundas ou mais superficiais e são muito usuais na face, pescoço, testa e pálpebras.
«A cirurgia plástica é mais indicada para os casos em que há ptose (pele descaída), pois só assim é possível retirar a pele em excesso e tratar o que está por debaixo – os músculos», diz o especialista.
Técnicas não cirúrgicas: as mais procuradas
Mas nem sempre a cirurgia plástica é a única e a mais indicada solução. «Quando a pessoa não tem um envelhecimento muito avançado, mas quer minimizar algumas marcas da passagem do tempo, os métodos menos invasivos são os mais indicados», assegura o cirurgião plástico.
Aliás, actualmente, pela menor limitação que causam no dia-a-dia, as técnicas antienvelhecimento não cirúrgicas são as mais procuradas. Estes métodos são, essencialmente três:
os peelings, os preenchimentos e o botox (toxina botulínica), todos indicados para o tratamento antienvelhecimento do rosto. Quais as diferenças?
Os peelings consistem na «aplicação de um produto químico na pele para promover a sua descamação e permitir que as camadas mais superficiais de células mortas desapareçam, ficando a pele mais brilhante e luzidia, sem rugas e manchas», esclarece o especialista. Normalmente, são feitos vários peelings de concentração crescente para que a pele se vá adaptando e a regeneração seja cada vez mais profunda.
Já os preenchimentos servem para dar volume a certas zonas e, assim, disfarçar as rugas. São mais usados nos sucos nasogenianos (vincos do sorriso) e em algumas zonas da testa. Para os aplicar não é necessário fazer uma incisão, pois introduz-se a substância que vai dar volume através de uma agulha.
Existem vários tipos de substâncias de preenchimento, mas as que se usam agora com mais frequência são de natureza sintética. «Os preenchimentos podem ser temporários – os de ácido hialurónico –, que duram entre seis meses a um ano; outros têm uma duração de cerca de dois anos e há ainda os permanentes», revela Miguel Andrade.
Por sua vez, o botox tem um mecanismo de acção diferente.
Aplica-se com agulha, em pequenas doses, e tem o efeito de paralisar os músculos cujos contínuos movimentos fazem surgir as rugas. É mais indicado para a testa e a região que rodeia os olhos, não devendo aplicar-se na parte inferior da face, pois pode dificultar os movimentos da boca.
O efeito dos preenchimentos é imediato, ao contrário do botox em que os músculos começam a paralisar três/quatro dias depois da aplicação, atingindo o efeito máximo aos sete/oito dias e tem uma duração de quatro a seis meses.
Madalena Barbosa