Janela do Cidadão - Risco de vida - Dr. Álvaro Cidrais
Dr. Álvaro Cidrais
Geógrafo e Consultor
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Pelo modo como pensamos, como gerimos a democracia e pelos hábitos de vida dos países mais desenvolvidos, pela primeira vez na História, os nossos filhos deverão viver menos tempo do que nós. Estamos à beira da ruptura, mas podemos agir!
Não é necessária mais evidência da ruptura deste modelo de sociedade. Em termos ambientais, o Efeito de Estufa já o indicava. Agora, os estudos sobre a esperança de vida das populações no século XXI são claros: os nascidos entre 2000 e 2010 deverão ter uma esperança média de vida inferior à dos seus pais!
Apesar dos progressos da ciência médica e farmacêutica e dos esforços dos sistemas de saúde (financeiros e de eficiência de gestão), a quem devemos progressos na saúde humana e o nosso bem-estar actual, as sociedades que desenvolvemos nos países ocidentais devem ter atingido o ponto sem retorno, ou estarão muito perto dele! Têm tecnologia, têm bens materiais, mas falta-lhes Sabedoria!
Esta é uma sensação com alguns anos! Lembro-me de um filme canadiano do princípio dos anos 90, «A queda do império americano», que discutia o problema.
Crescem as doenças da má nutrição. A obesidade, os problemas cardiovasculares e a diabetes! O consumo de estupefacientes e de produtos químicos para a depressão está em alta. A má qualidade do ar associa-se ao crescimento das sinusites, das reacções alérgicas e de outras doenças do foro respiratório. A má qualidade da água é já uma preocupação!
Esta realidade tem, no meu entender, três causas principais: a cultura que desenvolvemos (o modo como pensamos e agimos), a falta de ética que possuímos, o sistema de governação que usamos – uma democracia sem cidadania.
Torna-se claro que há processos pouco transparentes entre a governação e alguns «amigos» com a complacência de organizações da sociedade civil. Mina-se, assim, os progressos conseguidos ao longo de vários anos na questão da Saúde. Perdem-se ganhos recentes!
Os actos obscuros muito além do lobby, contra todos os conhecimentos racionais da gestão e da ciência, concretizam soluções egoístas e prejudiciais para vastas camadas da população, sem controlo. Desenvolvem uma sociedade doentia com pessoas dependentes, carentes e instáveis em busca da sobrevivência. Não se fundam em princípios éticos e universais de promoção da saúde e do bem-estar (individual e colectivo).
Neste contexto, cada indivíduo, no percurso de luta pela sobrevivência, movido pela cultura do seu grupo, com a informação da comunicação social e da publicidade a que acede, persegue hábitos de consumo e de interacção com os outros que, sendo aparentemente compensadores no curto prazo, são perniciosos no longo prazo.
Fá-lo sem consciência do mal que causa. Perspectiva a teoria do «Salve-se quem puder», quebra os laços de solidariedade social e intergeracional que outrora equilibrou as sociedades!
Foi assim que se iniciaram as grandes rupturas na História. Será mais uma?
Não esqueçamos que a
Nossa Saúde (individual e comum) passa por todos, pelo modo como pensamos, pela forma como agimos e pelo que pretendemos alcançar. Não esqueçamos o valor da sabedoria popular que ao longo de alguns milénios ajudou a encontrar equilíbrios entre os Homens e a Terra.
Essa Sabedoria, não apontava neste sentido!