Uma plataforma única para a divulgação da sua empresa!

Saiba como >>
DirectorJosé Alberto Soares Editor Executivo Rui Miguel Falé Redacção Bruno Dias
Manuel Moreira
Paula Pereira
Davide Carvalho (colaborador)
Fotografia Ricardo Gaudêncio (Editor)
Jorge Correia Luís
José Madureira
Agenda Director de ProduçãoJoão Carvalho Director ComercialJosé Maria Vilar Gomes Director de Produção Gráfica José Manuel Soares Directora de MarketingAna Branquinho Director de MultimédiaLuís Soares Publicidade
Departamente Administrativo e FinanceiroHelena Mourão (Coordenação)
Patrícia Curto
Cláudia Nogueira

Saúde Pública<sup>®</sup> 81 / Junho de 2009 Edições Especiais Saúde Pública<sup>®</sup> 2 / Setembro de 2008
Mundo Médico<sup>®</sup> 63 / Março de 2009 Edições especiais Mundo Médico<sup>®</sup> 109 / Março de 2009
Mundo Farmacêutico<sup>®</sup> 40 / Maio de 2009 Informação SIDA<sup>®</sup> 74 / Maio de 2009
HematOncologia<sup>®</sup> 5 / Abril de 2009 Jornal Pré-Congresso 4 / Abril de 2009
Jornal do Congresso 68 / Junho de 2009 Jornal Diário do Congresso 44 / Junho de 2009
Saúde em Dia<sup>®</sup> 6 / Maio de 2009 <i>Outros Projectos</i> 2 / Abril de 2009
 
destaque

Artigo de Saúde Pública®

Nº 44 / Janeiro de 2006






04 Vale a pena congelar as células do cordão umbilical?
A criopreservação de células estaminais é, para muitos pais, um seguro de vida biológico, ao qual podem recorrer caso, no futuro, surja um problema de saúde grave nos seus filhos.
MAIS DE 6000 PORTUGUESES JÁ JOGARAM PELO SEGURO


Colher e manter congeladas as células estaminais do cordão umbilical é o um dos métodos mais actuais de garantir um tratamento eficaz e seguro, caso haja essa necessidade.

O que há poucos anos não passava de ficção científica é hoje a realidade que traça o futuro da Medicina e dá a médicos, cientistas e investigadores a esperança de tratar doenças crónicas até aqui incuráveis.

Ninguém diria, nessa altura, que o caminho da Medicina estava traçado na direcção da mais simples, indefinida e indiferenciada célula da qual todos nós provimos, a célula estaminal.

Tratam-se de células indiferenciadas com capacidade de se dividir indefinidamente e de se transformar nos mais diversos tipos de linhagem celular que compõem todos os tecidos do organismo.

Como uma semente que dá origem ao caule, à folha e às pétalas de uma flor, as células estaminais têm a capacidade de se definir como células nervosas, ósseas, hepáticas, renais, gástricas e de todos os órgãos do corpo, tal como a semente original.

O tipo de célula estaminal com maior potencial de diferenciação é o ovo fertilizado: dá origem aos tecidos que constituem o embrião e aos tecidos essenciais no desenvolvimento embrionário, como a placenta e o cordão umbilical. Devido a esta capacidade de diferenciação em qualquer tipo de tecido designa-se esta célula por totipotente.
«De uma forma simples, e de acordo com a sua origem, podem dividir-se as células estaminais em dois grandes grupos: células embrionárias e células adultas», explica o Doutor Helder Cruz, químico com doutoramento em Biotecnologia, envolvido em vários projectos europeus.

As células estaminais embrionárias existem numa fase inicial do desenvolvimento embrionário, anterior à sua implantação na parede do útero. São pluripotentes, ou seja, podem diferenciar-se em vários tipos.

As células estaminais adultas são também indife­renciadas, mas encontram-se em tecidos diferencia­dos e especializados. Têm a capacidade de se auto-renovar durante toda a vida do organismo. São de­signadas de multipotentes, pois têm capacidade de se diferenciar apenas dentro da sua linhagem celular.

«No sangue do cordão umbilical e da placenta encontram-se células estaminais capazes de se transformarem em células de linhagem hematopoiética e mesenquimal», esclarece o Doutor Pedro Cruz, engenheiro químico também com doutoramento na área da Biotecnologia e igualmente envolvido em projectos europeus.

«As células hematopoiéticas podem transformar-se em qualquer célula do sangue, as mesenquimais têm potencial para se diferenciarem em outros tipos de células e, como tal, podem ter várias utilidades terapêuticas», continua o investigador, esclarecendo:
«Tanto no sangue do cordão umbilical, como na medula óssea há mais células hematopoiéticas do que mesenquimais.»

Criopreservar as células do cordão umbilical

Como um investimento num potencial tratamento futuro com a garantia de segurança e eficácia terapêutica, a criopreservação oferece a muitos pais a tranquilidade de saberem que, caso haja necessidade, podem recorrer a qualquer momento às células estaminais dos seus filhos.

Sem necessidade de espera e sem o desespero pela procura de um dador compatível, estas células estão exclusivamente guardadas, de forma segura, para o caso de mais tarde serem necessárias.

O processo de recolha do sangue do cordão umbilical é indolor, não invasivo e não representa qualquer risco para a saúde da mãe ou do bebé.

«Antes de mais, a mãe deve informar o médico que assiste o parto de que pretende guardar o sangue do cordão umbilical. Este deve ser colhido, de preferência, antes da expulsão da placenta pois, dessa forma, será possível colher uma maior quantidade. Depois de expulsa, a placenta deve ser massajada para facilitar a recolha. O saco deve ser posicionado o mais baixo possível, para que o sangue entre por gravidade», adianta Helder Cruz.

«O saco com o sangue deve ser mantido à temperatura
ambiente antes de ser transportado para o laboratório. Para não perder a qualidade, o sangue não deve ser colocado no frigorífico», acrescenta Pedro Cruz.

O processo de armazenamento inicia-se com a redução de volume da amostra. Segundo os investigadores, «retiram-se os glóbulos vermelhos e o plasma e mantêm-se os glóbulos brancos e as células estaminais».

Depois de contado o número de células estaminais e após ser testada a viabilidade do sangue, é adicionada às células estaminais uma solução criopreservante, que impede a perda de viabilidade celular durante o congelamento e quando a unidade for descongelada.

Só depois as células são criopreservadas «em contentores com azoto líquido, a uma temperatura de cerca de -190ºC, durante o tempo que for necessário», acrescenta Pedro Cruz.

«Todo o processo deve decorrer dentro das boas práticas de fabrico, isto é, com um exigente controlo, de forma a garantir segurança e eficácia máximas», continua.

Segundo Heder Cruz, «quinze anos é o tempo comprovadamente seguro para manter as células criopreservadas, dado que antes desse período não havia criopreservação. Isto não quer dizer, no entanto, que não possam durar mais. Certamente, terão uma validade maior, porém, as primeiras células estaminais foram congeladas há 15 anos e mantêm actualmente as características que tinham no momento da congelação».

«Compatibilidade 100%. Risco de rejeição 0%»

Actualmente as terapias com células estaminais são aplicadas em portadores de doenças hematológicas, auto-imunes e metabólicas, tumores, doenças reumáticas, entre outras.

Mas, no futuro, as investigações actualmente levadas a cabo, apontam um leque de doenças bem mais vasto. Diabetes, doença de Alzheimer, doenças cardiovasculares, doenças hepáticas, distrofia muscular, doença de Parkinson, lesões da espinal-medula, AVC e anemia aplásica idiopática são algumas das patologias que, em breve, poderão ser tratadas com células estaminais.

«Existem aplicações que já estão provadas e outras ainda em estudo. Não podemos prometer o que ainda não está comprovado, o que podemos é apresentar perspectivas, tendo em conta que 15 anos, o tempo mínimo de criopreservação, é muito tempo a nível de evolução científica», diz Pedro Cruz.

«Quando alguém decide criopreservar as células do cordão umbilical deve pensar não nas utilidades que têm actualmente, mas nas possíveis utilidades que terão dentro de alguns anos», concordam os investigadores.

«Dentro de pouco tempo esperamos conseguir expandir o número de células estaminais em laboratório, para que seja possível reunir a quantidade suficiente para tratar um adulto e manipulá-las laboratorialmente, para que se diferenciem em células específicas antes de serem implantadas no órgão doente», adiantam.

Ao receber as suas próprias células o doente elimina o risco de rejeição e garante o nível máximo de compatibilidade, dado que está a receber células provenientes do seu próprio organismo.

«Este método garante 100% de histocompatibilidade e 0% de rejeição. São os chamados transplantes autólogos, em que o dador e o receptor são a mesma pessoa», sustenta Hélder Cruz.

Os dois cientistas acreditam que é na investigação com células estaminais que reside a esperança de tratamento de várias doenças e que este deve ser o caminho a seguir pela Ciência.


Erros comuns

A falta de informação em relação a todo o processo de criopreservação de células estaminais de sangue do cordão umbilical gera por vezes enganos e confusões. Há, portanto, um conjunto de questões que deve ser esclarecido para que não restem mais dúvidas no que diz respeito à utilidade e segurança deste processo.

Os erros mais frequentes são os seguintes:

«Os médicos nunca tratariam o meu filho com as células do seu cordão umbilical, porque existe a hipótese de estas também reterem a doença.»

Todos os anos são efectuados diversos transplantes autólogos de células estaminais para o tratamento de doenças como a leucemia, os linfomas, os mielomas e vários tipos de tumores sólidos.

Estudos recentes revelam que o transplante autólogo de células estaminais utilizado no tratamento de crianças com leucemia tem tanto sucesso como os transplantes com as células alogénicas, provenientes de parentes próximos.
Mesmo que as células retenham a doença existe o aumento da esperança de vida.

As células estaminais autólogas provenientes do sangue do cordão umbilical apresentam algumas vantagens como fonte de células para os transplantes: o risco de serem rejeitadas pelo doente é eliminado, por se tratarem das suas próprias células, têm uma disponibilidade imediata e apresentam um baixo risco de contaminação de qualquer doença infecciosa ao doente.

«A probabilidade de uma família vir a necessitar das células estaminais criopreservadas é tão baixa que as pessoas não se deviam preocupar em guardá-las.»

Tendo em consideração que a causa da maioria dos cancros é ainda desconhecida e que a ciên­cia associada às terapias celulares com células estaminais se está a desenvolver a um ritmo muito acelerado, é impossível calcular com precisão a probabilidade de uma família vir a necessitar das células estaminais do cordão umbilical ou beneficiar de novos tratamentos.

«As células estaminais depois de armazenadas durante muito tempo podem perder a sua viabilidade.»

As directivas do Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque afirmam que as células estaminais do sangue do cordão umbilical podem ser armazenadas em azoto líquido por tempo indefinido. Esta entidade diz ainda que «não há evidência de que as células guardadas a -196ºC, num ambiente inviolável, possam perder as suas características, viabilidade ou a sua actividade biológica».

Presentemente as amostras que foram guardadas há 15 anos mantêm as mesmas características biológicas que tinham aquando do seu armazenamento.

«O uso futuro do sangue do cordão umbilical é limitado.»

Muitos peritos descrevem a actualidade como o ponto de inflexão da Ciência e Medicina, e acreditam que as pessoas que guardaram as suas células estaminais do cordão umbilical vão ter vantagem com o desenvolvimento da Tecnologia.


PERGUNTAS FREQUENTES

1 – Porque devo preservar as células do cordão umbilical do meu bebé?

Após o nascimento, quando o cordão umbilical é descartado, perdem-se as células que este contém. Ao preservar as células do sangue do cordão umbilical do bebé, este terá garantida uma fonte de células estaminais completamente compatíveis, no caso de serem necessárias para o tratamento de uma possível doença.

2 – Que tipos de doenças podem ser tratadas com essas células estaminais?

Apesar de já serem utilizadas no tratamento de algumas patologias, nomeadamente do foro oncológico, do sistema sanguíneo e do sistema imunitário, as indicações para a utilização de células estaminais em diferentes situações clínicas têm crescido exponencialmente. Acredita-se que muitas patologias degenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer, poderão ser tratadas com esta terapia.

3 – A recolha das células do cordão umbilical é segura para mim e para o meu bebé?

A recolha do sangue do cordão umbilical é um processo simples, rápido, completamente seguro e indolor para a mãe e para o bebé, uma vez que o sangue é recolhido após o cordão umbilical ser cortado.

4 – Se eu já tiver guardado as células estaminais do meu filho, devo fazer o mesmo com o seguinte?

Cada indivíduo é único e, apesar da compatibilidade entre irmãos poder ser elevada, a única forma de garantir que todos os seus filhos têm uma amostra 100% compatível é guardar as células de cada um deles.

5 – Quais as perspectivas futuras de utilização das células estaminais do meu bebé?

Devido ao facto de a Ciência das terapias celulares, utilizando células estaminais, estar em grande evolução e devido à grande potencialidade destas células, as perspectivas futuras são enormes, quer no tratamento de cancro, quer no tratamento de doenças degenerativas, enfarte do miocárdio, AVC, pé diabético, entre outras doenças.


SEGURO DE VIDA BIOLÓGICO

Não são poucas as vezes em que, nas páginas dos jornais, ou nas notícias de televisão, pais aflitos solicitam o apoio e a boa vontade de toda a população no sentido de conseguirem encontrar um dador de medula óssea compatível que lhes possa salvar a vida de um filho. Casos clínicos de leucemia são os que geralmente causam esta aflição e os que exigem maior urgência na procura de um dador com um nível suficiente de histocompatibilidade.

«Se as células estaminais da medula óssea forem retiradas e criopreservadas enquanto a pessoa ainda é saudável, podem ser utilizadas com fim terapêutico nessa mesma pessoa, caso mais tarde ela venha a desenvolver uma doença desse tipo», esclarece Helder Cruz, adiantando:
«Quanto mais cedo o fizer, melhor. O ideal será que o faça enquanto jovem, pois nunca se sabe quando uma fatalidade como uma doença dessas pode surgir.»

Como um seguro de vida biológico, a criopreservação de células estaminais adultas da medula óssea pode, se não garantir uma solução terapêutica, pelo menos aumentar a esperança de vida do doente e ganhar tempo na busca de um dador compatível.

É ainda desconhecido o poder terapêutico que estas células poderão ter no futuro. Sabe-se, contudo, que é nestes tratamentos que reside a esperança de encontrar solução para doenças crónicas até agora incuráveis.

«Não podemos prometer o que ainda não está comprovado, mas os resultados dos estudos clínicos até agora realizados levam-nos a crer que, num futuro não muito longínquo, teremos novidades nesta área», explica Pedro Cruz.

Aplicações da terapia celular

A Cytothera, Companhia Portuguesa de Investigação e Serviços em Biotecnologia Clínica, do grupo Medinfar, dedica-se à terapia celular, um mundo ainda pouco explorado, mas com um grande potencial para combater algumas das doenças que mais preocupam as sociedades actuais.

«Actuamos em duas áreas distintas, sendo elas a colheita e preservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical e a colheita, processamento e aplicação de células estaminais colhidas da medula óssea dos doentes», explica a Dr.ª Sílvia Matos, farmacêutica e directora desta empresa de Biotecnologia.

Para a colheita e preservação das células do sangue do cordão umbilical, a divulgação da técnica será feita junto de ginecologistas, obstetras, pediatras e médicos de família.

«O trabalho de processamento e armazenamento terá lugar nas instalações da empresa, e as células ficarão guardadas em Portugal. Em relação à segunda área de actuação, isto é, a colheita de amostras da medula óssea, trabalhamos em parceria com uma empresa holandesa (Cells4Health), que se encarrega da parte do processamento das amostras», continua Sílvia Matos.

Inicialmente estas terapias celulares incluirão o tratamento de patologias como o enfarte do miocárdio e a insuficiência cardíaca, as doenças vasculares periféricas, os acidentes vasculares cerebrais (AVC) e as lesões da espinal-medula (doentes paraplégicos e tetraplégicos).

Segundo a farmacêutica, no futuro, e de acordo com os resultados de novas investigações e com as evoluções científicas, «pretendemos incluir terapias celulares para o cancro, lesões das cartilagens, diabetes, entre outras».
Esta vontade de evoluir da Cytothera vai de encontro à missão da Medinfar. Sílvia Matos explica: «A Medinfar tem por missão trabalhar para a melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas, desenvolvendo e disponibilizando soluções na área das ciências da vida.»


Cátia Jorge
ver comentários (1)

Deixe o seu comentário sobre este artigo