A Universidade de Aveiro instalou em Moçambique, no âmbito do projecto Pensas@moz, uma moderna infra-estrutura telemática, vocacionada para o ensino da Matemática e da Língua Portuguesa, que liga várias escolas moçambicanas (Escola Secundária do Chokwé, Escola Secundária Emília Daússe, Colégio Académico da Beira, Escola Lusófona, Escola Secundária Heróis Moçambicanos - Moatize, Escola Luís de Camões, Escola Samora Moisés Machel, Escola Secundária de Marrupa - Niassa) e que abrange um número significativo de alunos do sistema nacional de ensino.

Com o apoio da Fundação GlaxoSmithKline das Ciências da Saúde pretende-se utilizar a capacidade instalada para alargar a colaboração da Universidade de Aveiro ao domínio da educação em saúde sexual e reprodutiva. Propõe-se que o moderno parque informático disponível venha também a ser um instrumento no processo de informação/formação em questões de saúde e na integração e uniformização de acções educativas.

O projecto tem como principais objectivos a criação de uma comunidade virtual vocacionada para a educação em saúde sexual e reprodutiva e o desenvolvimento de conteúdos educativos adequados à realidade moçambicana. Pretende-se incentivar a formação de jovens em idade escolar, os seus familiares e a comunidade onde estão inseridos, através do ensino virtual apoiado em aplicações informáticas de formação «on-line» e na própria sala de aula.

Em termos de conteúdos, serão abordados tópicos relacionados com a anatomia sexual e reprodutiva básica, a sexualidade e a reprodução, as doenças de transmissão sexual e, em particular, o caso da SIDA, os problemas em saúde sexual e reprodutiva na comunidade, os cuidados básicos em saúde, os serviços de saúde e as redes sociais locais e a responsabilidade social, quer individual, quer colectiva.

Por outro lado, os conteúdos educativos devem basear-se num paradigma interactivo que permita a aprendizagem dos conceitos básicos de prevenção em doenças de transmissão sexual e SIDA dentro de uma perspectiva cultural e linguística da população alvo.

Na metodologia proposta os alunos serão estimulados a formular questões sobre os problemas de saúde sexual e reprodutiva da comunidade e a elaborar hipóteses de solução. A intervenção dos tutores será, fundamentalmente, a de incitar a curiosidade e reestruturar de forma didáctica as ideias e percepções dos alunos. A discussão dos temas será estimulada e serão demonstrados exemplos de actuação em prevenção e controlo de doenças e, quando necessário, serão esclarecidas as dúvidas.

As soluções propostas pelos alunos moçambicanos, baseadas nas necessidades da comunidade, adequadas à linguagem e ao padrão cultural regional da população, passará a ser disponibilizada de forma clara e didáctica em esquemas auto-explicativos e ilustrações, para que todo o progresso realizado possa ser acompanhado e revisto sistematicamente.

Espera-se que a formação em saúde sexual e reprodutiva para identificação e prevenção de doenças de transmissão sexual e SIDA ampliem a participação dos alunos como disseminadores de boas práticas de saúde e agentes activos na orientação das suas famílias e da sua comunidade com base nos seus próprios elementos e valores culturais, reduzindo os perigos que advêm da desinformação e mitos.

Tal pode ser uma pequena contribuição para que, cada vez mais, haja em Moçambique pessoas preparadas para orientar as famílias a cuidar da sua própria saúde e da saúde da comunidade, seja a nível de acções de cidadania, voluntariado, ou ainda integrados em programas governamentais de saúde.


Prof. Doutor Nélson Pacheco da Rocha
Pró-Reitor da Universidade de Aveiro. Director da Escola Superior da Saúde da Universidade de Aveiro