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Artigo de Informação SIDA®

Nº 52 / Setembro de 2005






04 Hepatites B e C: Toxicodependência e sexo sem preservativo são as principais causas de contágio
Toxicodependência e sexo sem preservativo são as principais causas de contágio

As notificações das hepatites do tipo B e C em Portugal têm vindo a decrescer. O Prof. Rui Santos, especialista de Medicina Interna e docente na Faculdade de Medicina de Coimbra, com base em números da Direcção-Geral da Saúde (DGS), diz-nos que, entre 1993 e 2003, «os registos de hepatites agudas B e C são cerca de 10 vezes menos. No entanto, faltam dados sobre os portadores crónicos, muitas vezes assintomáticos, e que permanecem durante anos sem diagnóstico».

O programa de vacinação universal contra a hepatite B e a instituição de normas de saúde que minimizam o contacto com sangue possivelmente infectado (envolvendo transfusões, injecções) e o rastreio da população são alguns factores que ajudam a perceber esta melhoria do panorama epidemiológico português. Ao mesmo tempo, esses são alguns dos factores que explicam, em parte, os níveis de incidência mais elevados nos países subdesenvolvidos.

A hepatite B (VHB) afecta cerca de «400 milhões de pessoas em todo o mundo e está na origem de 316 mil casos de cancro do fígado, uma consequência possível da evolução da doença», sublinha Rui Santos. Em Portugal, estima-se que o VHB atinja 120 mil pessoas.

Das duas hepatites virais, a do tipo C (VHC) é a que tem uma prevalência global mais baixa, afectando mesmo assim «170 milhões de pessoas. Os casos de cancro resultantes desta patologia, que pode também tornar-se crónica, rondam os 118 mil. Contrariando a tendência mundial, em Portugal, sobe para 150 mil o número de pessoas que se calcula sofrerem de VHC», afirma Rui Santos.

O cancro do fígado, directamente relacionado com ambas as infecções hepáticas, foi responsável por «64 mil mortes na Europa, 65 mil no sudeste asiático e cerca de 371 mil óbitos na zona oeste do Pacífico», segundo os dados do relatório da OMS.

Na Europa, a incidência do VHB representa praticamente o dobro do VHC, mas as mortes motivadas directamente por estas patologias (excluindo os casos de evolução para cancro) não correspondem àquela proporção. No velho continente, morrem anualmente cerca de 5 mil pessoas devido ao VHC e 4 mil com a infecção pelo VHB.

As vias de transmissão e prevenção

O VHB contamina o sangue e praticamente todos os fluidos corporais. Não obstante, a perigosidade de contágio difere conforme o fluido em questão. «A concentração viral é alta no sangue, no soro e nas secreções de feridas, moderada no sémen, nas secreções vaginais e na saliva e baixa ou indetectável na urina, fezes, suor, lágrimas e também no leite materno», explica Rui Santos.

A disseminação do vírus pode ter origem no contacto dos fluidos infectados com as mucosas da boca, dos olhos ou através de um corte e faz--se principalmente «pela via sexual, na sequência da partilha de agulhas e objectos perfurantes, durante o parto e em transfusões de sangue» realizadas sem os procedimentos adequados.

«A transmissão no parto e a decorrente de trans­fusões sanguíneas ocorrem, sobretudo, nos países subdesenvolvidos», acrescenta o médico.

O VHC origina também a infecção do «sangue e de outros fluidos do corpo. As principais vias de propagação da doença são a partilha de agulhas e de outros utensílios por toxicodependentes e as transfusões sanguíneas. A transmissão sexual e o parto são vias mais raras», observa Rui Santos.

Enquanto a luta contra o VHB conta com a ajuda de uma vacina eficaz, mas que infelizmente não é acessível a todos, «para o VHC ainda não existe uma vacina, passando as estratégias de prevenção pelo rastreio dos dadores de sangue e das mulheres grávidas, pelo controlo dos comportamentos de risco, como são a toxicodependência e a prostituição, e também pela educação para a saúde», assinala o especialista de medicina interna.

O desenvolvimento das infecções pelo VHB e VHC

A progressão natural das hepatites séricas B e C é semelhante. A infecção aguda pode avançar para a forma crónica, podendo depois gerar cirroses, cancro do fígado e levar à morte. Este pro­cesso pode demorar cerca de 30 a 50 anos, mas, conforme refere Rui Santos, «é muito variável, há evoluções muito mais rápidas, em 10 anos ou, no caso dos transplantados, em cinco anos».

De acordo com Rui Santos, o período de incuba­ção do VHB «vai de 60 a 90 dias. A icte­rícia, um fenómeno bem-visível da infecção, afecta menos de 10% dos doentes abaixo dos 5 anos. Nos restantes, a infecção é silenciosa porque não apre­senta sinais clínicos. Acima dos 5 anos, 30 a 50% dos doentes manifesta icterícia».

A mortalidade dos casos de hepatite B aguda «é baixa, situa-se entre os 0,5 e 1%, mas sobe nos casos de infecção crónica, vitimando entre 30 a 90% dos doentes com menos de 5 anos e entre 2 a 10% dos doentes com mais de 5 anos. Daqui podemos aferir que há uma dife­rença muito grande se o indivíduo é infectado precocemente, podendo mais facilmente desenvolver o cancro – o que já não acontece tão frequentemente com o avançar para a idade adulta. A mortalidade prematura por infecção hepática crónica situa-se entre 15 a 25% dos casos», indica Rui Santos.

No VHC, o período de incubação «é de seis a sete semanas e a doença aguda ocorre em menos de 20% dos casos. Cerca de 60 a 85% dos doentes desenvolve uma infecção crónica e a cirrose é uma das consequências mais graves, ocorrendo em 5 a 20% dos doentes, constituindo um forte indicador de que o indivíduo pode estar a caminho de desenvolver o cancro do fígado ou de que se aproxima do estado terminal da doença hepática. O índice de mortalidade da doença hepática crónica está entre 1 e 5%».

A distribuição por sexos e faixas etárias em Portugal

As hepatites B e C são patologias que afectam maioritariamente os homens. De acordo com os registos da DGS, no que diz respeito à distribuição do VHB por sexos, entre 1999 e 2003, «71% dos portadores são homens e 29% são mulheres, enquanto que para o VHC a disparidade ainda é maior – 83% dos infectados são do sexo masculino e 17% do sexo feminino», assinala Rui Santos.

Na distribuição por grupos etários, relativa ao mesmo período, o VHB tem incidência desde os primeiros anos de vida, devido aos casos de transmissão vertical, até uma idade muito avançada. As maiores incidências verificam-se nos grupos etários entre os 15 e os 24 anos (223 notificações), os 25 e os 34 anos (352), dos 35 aos 44 anos (242) e dos 45 aos 54 anos (128). Daí em diante, o número de casos começa a diminuir progressivamente.

«É notório que há uma maior incidência a partir do momento em que os jovens entram na vida sexual activa, aumentam a sua rede de contactos sociais e experimentam drogas», esclarece o especialista.

Quando passamos à análise da distribuição etária do VHC, também referente ao período entre 1999 e 2003, registam-se «240 casos na faixa entre os 15 e os 25 anos, 574 novamente no grupo dos 25 aos 34 anos – onde está a grande percentagem de infectados – e 236 registos no grupo dos 35 aos 44 anos», indica Rui Santos.

No caso do VHC, de uma forma genérica, estas distribuições e concentrações encontram explicação por coincidirem com o período em que é mais frequente a iniciação do uso de drogas intravenosas.

Texto: Tiago Mota


Factores e comportamentos de risco associados à transmissão das hepatites B e C

– Abuso de drogas endovenosas e partilha de objectos de consumo de estupefacientes.
– Sexo desprotegido com parceiro infectado.
– Exposição a sangue infectado – picadas com agulhas (tatuagens, piercings, acupunctura), partilha da escova de dentes ou de objectos cortantes, como a lâmina de barbear.
– Equipamento contaminado usado em terapêuticas domiciliárias.
– Transfusões ou transplantes de dador infectado.
– Acidentes envolvendo trabalhadores da saúde.
– Filhos de mães infectadas.
– Contacto com familiares portadores.

Factores promotores de progressão ou de gravidade da hepatite C crónica:

– Ingestão de álcool.
– Idade superior a 40 anos na altura da infecção.
– Co-infecção pelo VIH.
– Co-infecção com hepatite B crónica.
– Sexo masculino.
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