Artigo de Medicina e Saúde®
Nº 93 / Julho de 2005
18 «Arte na Urgência», um ambiente para a cura
Serviço de Urgência do Hospital de São Francisco Xavier ganha nova cor
Os hospitais são palco de uma miríade de sentimentos e situações. Nos hospitais vivem-se dramas, ansiedades, angústias, medos, esperanças e também sentimentos de alívio e algumas alegrias.
Estas vivências são partilhadas por doentes e profissionais da Saúde e acontecem, com particular intensidade, no Serviço de Urgência de cada unidade hospitalar. Essa a razão por que as questões relacionadas com o ambiente podem fazer a diferença nestes serviços.
O Serviço de Urgência da Zona Ocidental de Lisboa tem diferentes tonalidades. Ao promover a iniciativa «Arte na Urgência», o referido espaço transformou-se num local mais agradável para quem por lá circula.
A iniciativa consistiu no convite a 26 artistas plásticos e a alguns colaboradores do hospital a doarem e deixarem obras em depósito nas paredes do Serviço de Urgência. A adesão foi total e entusiástica, traduzida no empréstimo ou doação de 87 obras, tendo a Fundação EDP patrocinado o financiamento das molduras.
«As criações foram emprestadas e doadas por tempo indeterminado. Os doentes, os médicos e os enfermeiros convivem, agora, com obras que são uma afirmação da vida e transmitem sensações de energia, de tranquilidade, de alegria, de humor e outras sensações, que enchem as paredes que antes se apresentavam despidas e monocrómicas», referiu o Dr. Luís de Campos, director do Serviço de Urgência Geral do Hospital de São Francisco Xavier, SA.
Para registar o acontecimento, foi publicado um pequeno opúsculo com algumas das obras dos artistas participantes.
A sessão de apresentação deu-se um dia depois da comemoração do 31.º aniversário do 25 de Abril, tendo sido presidida pelo ministro da Saúde, Prof. Doutor Correia de Campos.
Ambiente para recuperar
«Arte na Urgência» resulta do reconhecimento crescente da importância que o ambiente nos hospitais tem na ajuda à recuperação dos doentes.
«Questões como o acesso a luz natural, a vista da natureza, o controlo do ruído e da iluminação, a temperatura adequada, a cor, a garantia de privacidade, o conforto do mobiliário e outros factores têm comprovadamente impacto na rapidez de recuperação dos doentes e na sua satisfação», disse Luís de Campos, salientando:
«É aquilo que na literatura anglo-saxónica se designa por Healing Environment, o que poderemos traduzir por Ambiente para a Cura. A presença de Arte nos hospitais é uma componente essencial deste ambiente.»
Este Serviço, apesar das suas limitações estruturais e de problemas de sobreocupação, está empenhado na melhoria das condições para os doentes e profissionais, no limite das suas capacidades, particularmente através da implementação de um Ambiente para a Cura.
Além do mais, por ser pioneira, «Arte na Urgência» pretende também ser uma iniciativa exemplar na tentativa de chamar a atenção para a importância da promoção de um Ambiente para a Cura nas instituições de saúde.
Os artistas e colaboradores convidados que aderiram à iniciativa foram: António Carvalho, Cristina Ataíde, Daniel Blaufuks, Fernanda Fragateiro, Fernando Peres Rodrigues, João Paulo Feliciano, João Vieira, Jorge Martins, José Loureiro, Julião Sarmento, Luís Campos, Manuel Baptista, Manuel Botelho, Manuel Valente Alves, Maria José Oliveira, Micaela Monteiro, Miguel Ângelo Rocha, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Pedro Falcão, Pedro Portugal, Pedro Proença, Rui Sanches, Sofia Areal, Suzanne Themlitz e Xana.