As doenças crónicas não transmissíveis (DCNT), tais como doenças cardiovasculares, cancro, diabetes, doenças respiratórias crónicas e obesidade, estão a aumentar drasticamente a nível mundial, atingindo todos os níveis socioeconómicos e todas as idades.


Estas patologias são responsáveis por 58,6% das mortes no mundo, das quais mais de metade das pessoas se encontram em idade produtiva. A Organização Mundial de Saúde projecta para 25 anos um aumento desta prevalência para dois terços de mortes.

Estilos de vida saudáveis, através de uma alimentação saudável e prática de actividade física (mais de 30 minutos e mais do que cinco vezes por semana), encontram-se fortemente relacionados com a prevenção do aparecimento destas patologias. Além do mais, é estimado que cerca de 80% das doenças cardiovasculares, 90% da diabetes e 40% dos cancros poderão ser prevenidos através de hábitos saudáveis.

Em contrapartida, verifica-se que os principais factores de risco para o aparecimento das DCNT são a hipertensão arterial, hipercolesterolemia, excesso de peso e obesidade, sedentarismo, baixo consumo de hortifrutícolas, elevado consumo de sal e elevado consumo de gordura, nomeadamente, ácidos gordos saturados e ácidos gordos trans, os quais se encontram relacionados com os padrões de consumo que caracterizam a sociedade actual.
Há que mudar este cenário!

Atendendo a que passamos a maior parte do nosso dia no local de trabalho, este é considerado como o melhor local para promover hábitos e estilos de vida saudáveis. E não nos podemos esquecer que as empresas também são afectadas com a prevalência crescente destas doenças, uma vez que a produtividade diminui e aumentam os gastos com a saúde dos seus trabalhadores. Num estudo realizado em 2003 numa empresa, na qual foi realizado um programa de promoção de saúde no local de trabalho, concluiu-se que os custos da empresa tiveram uma redução de 25 a 30% nos custos médicos e na taxa de absentismo, num período de 3,6 anos.

No Fórum Económico Mundial, da Organização Mundial de Saúde, de Janeiro de 2008, foram estabelecidos parâmetros para que o local de trabalho proporcionasse aos seus trabalhadores um ambiente favorável para a mudança de comportamento. Destes parâmetros destacam-se a promoção de actividade física e de hábitos alimentares saudáveis, os quais se caracterizam pelo aumento da oferta de hortifrutícolas e redução de produtos ricos em gordura, de forma a diminuir os casos de doença e proporcionar um ambiente satisfatório aos seus trabalhadores.

Nesta matéria, as empresas e restantes locais de trabalho do nosso País muito têm para fazer a bem da saúde dos seus trabalhadores. Mas todos estamos de acordo que é necessário o envolvimento de todos para alteramos o nosso estilo de vida, para assim podermos ter uma óptima relação entre os efeitos de uma alimentação saudável e a prática regular de actividade física e o nosso estado de saúde, de forma a prevenir o aparecimento de doenças crónicas não transmissíveis e para que possamos ter uma vida mais longa e saudável.

Comece já por si!

Alimentação e saúde não são difíceis de conciliar desde que respeite algumas regras simples para escolher, combinar e cozinhar alimentos e para satisfazer na medida certa as necessidades nutricionais do seu organismo ao longo do dia e ao longo da vida.


Dr.ª Alexandra Bento
Presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas