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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 120 / Outubro de 2007






20 Infecção no hospital
Os doentes internados em instituições hospitalares e submetidos a antibioterapia constituem um grupo de risco para a doença associada ao Clostridium difficile
A terapêutica com antibióticos pode originar alterações na flora intestinal e, consequentemente, favorecer a eclosão da doença associada ao Clostridium difficile. Conheça melhor esta bactéria e a patologia por ela provocada.


Os doentes internados em instituições hospitalares e submetidos a antibioterapia constituem um grupo de risco para a doença associada ao Clostridium difficile (DACD). Os doentes que sofreram cirurgia intestinal e os que se submeteram a quimioterapia são os que apresentam maior risco, mas os internados nas Unidades de Cuidados Intensivos, os mais idosos e os portadores de doenças debilitantes podem também ser facilmente afectados.

«O Clostridium difficile é uma bactéria anaeróbia que faz parte da flora intestinal de cerca de 3% dos adultos e de muitas crianças saudáveis e que vive em equilíbrio com os restantes microorganismos habituais no cólon, os quais constituem a flora intestinal», define a Dr.ª Maria João Pais, chefe de serviço de Medicina Interna, nefrologista e directora do Serviço de Nefrologia do Hospital de Santa Cruz/CHLO.

Esta bactéria está presente no meio ambiente sob a forma de esporos, muito resistentes a condições adversas, os quais transmitem a doença quando introduzidos no tubo digestivo, onde se transformam em bactérias activas. A DACD aparece quando há alteração da flora intestinal, regra geral originada pela terapêutica antibiótica.

Segundo Maria João Pais, «os antibióticos, qualquer que seja a via de administração, podem destruir parte das bactérias que constituem a população bacteriana habitual do intestino e que, por acção competitiva, impedem a proliferação de outros agentes patogénicos, mantendo as defesas intestinais. Este desequilíbrio da flora permite o crescimento do Clostridium difficile, o qual produz toxinas que são lesivas para as células da parede intestinal, ocasionando a doença».

Aspectos da doença

Tal como acontece no Reino Unido, no Canadá ou nos Estados Unidos, também em Portugal a DACD se apresenta como uma infecção frequente nas instituições hospitalares. A sua incidência tem vindo a aumentar, inclusive em instituições sociais e lares para a terceira idade.

«Sabe-se que cerca de 10 a 30% dos doentes internados estão colonizados por esta bactéria. A utilização frequente de antibióticos leva ao desequilíbrio da flora intestinal e assim estão criadas as condições propícias ao desenvolvimento da diarreia associada ao Clostridium difficile», menciona aquela directora do Serviço de Nefrologia, acrescentando que «a clindamicina, a lincomicina e os beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas) são os antibióticos mais frequentemente responsabilizados».

A diarreia profusa, normalmente acompanhada de febre, dores e distensão abdominal, é o principal sintoma da doença associada ao Clostridium difficile. Porém, pode haver várias apresentações clínicas, que vão desde as formas assintomáticas até às tóxicas e mortais.

A diarreia associada a esta bactéria pode surgir só seis semanas ou mais após a suspensão da antibioterapia, pois os efeitos dos antibióticos na flora intestinal permanecem durante semanas.

Contudo, salienta Maria João Pais, «nem todas as estirpes de Clostridium difficile ocasionam esta doença, também chamada colite pseudomembranosa, pelo aspecto que o cólon apresenta, com falsas membranas na parede intestinal. Só as estirpes produtoras de toxinas estão implicadas na doença, sendo as toxinas A (enterotóxica) e B (citotóxica) as melhor caracterizadas».

Soluções terapêuticas

A infecção pelo Clostridium difficile tem a particularidade de ser causada e tratada por antibióticos. Mas esta solução terapêutica não é aplicada a todos os doentes. Nas situações clínicas mais ligeiras, basta suspender o antibiótico causador e efectuar medidas de suporte (hidratação e reposição dos electrólitos).

«Nas formas moderadas a graves, o tratamento convencional mais utilizado corresponde ao metronidazol e à vancomicina, ambos antibióticos potentes. Por serem antimicrobianos, além de eliminarem o Clostridium difficile, também “limpam” outras estirpes bacterianas, com desequilíbrio da flora intestinal, o que parece estar relacionado com as recorrências frequentes da doença após o seu tratamento com estes antibióticos», indica Maria João Pais, frisando que «em casos muito graves pode ser necessário recorrer à cirurgia».

E avança: «Recentemente, surgiu uma nova terapêutica, conceptualmente muito interessante e promissora, com um mecanismo de acção inovador. Trata-se de um polímero aniónico, sem acção antimicrobiana, que se liga às toxinas do Clostridium difficile neutralizando-as e impedindo assim a sua acção lesiva na mucosa do cólon.»

O novo polímero, que se denomina Tolevamer, foi
desenvolvido por uma empresa farmacêutica ligada à Biotecnologia e ainda está em fase de investigação clínica.

«Os ensaios clínicos preliminares já demonstraram a eficácia e segurança deste polímero no controlo da doença, tanto em animais como em humanos. Estão neste momento a decorrer ensaios clínicos de fase três, que irão dar resposta quanto às potencialidades e eventuais vantagens da terapêutica com o Tolevamer na diarreia associada ao Clostridium difficile, em monoterapia ou em associação com outros fármacos. É de salientar nesta nova terapêutica a ausência de selecção de estirpes e de indução de resistências bacterianas», revela a mesma médica.


Como é feita a prevenção?

De acordo com a Dr.ª Maria João Pais, «a prevenção faz-se por isolamento de contacto para impedir a infecção cruzada entre os doentes internados e a disseminação pelos profissionais de saúde».

«Os esporos do Clostridium difficile encontram-se em grande abundância nas superfícies vizinhas dos doentes hospitalizados que apresentam diarreia associada ao Clostridium difficile e estes esporos podem persistir durante muitos meses nos hospitais», complementa a especialista.

O isolamento geográfico dos doentes, a lavagem frequente das mãos, a utilização de luvas e batas descartáveis, o uso de material clínico exclusivo, assim como de desinfectantes adequados para os sanitários e outras instalações constituem as medidas preventivas mais importantes, que deverão ser adoptadas pelos profissionais de saúde em contacto com os doentes afectados pela DACD.

«A política de utilização de antibióticos implementada em cada hospital pode ter um papel destacado na redução da incidência desta doença», sublinha Maria João Pais.


Texto: Sofia Filipe
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