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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 120 / Outubro de 2007






46 Radiografia - SERVIÇO DE PEDIATRIA DO HOSPITAL DE GARCIA DE ORTA
Centro de Desenvolvimento da Criança Torrado da Silva
O Prof. Torrado da Silva foi coordenador da Comissão Nacional de Saúde Infantil e num relatório que elaborou, em 1993, definiu os Centros de Desenvolvimento da Criança e a sua funcionalidade.

Este pediatra foi o primeiro director do Serviço de Pediatria do Hospital de Garcia de Orta. Não admira, pois, que o Centro de Desenvolvimento deste hospital tenha recebido o seu nome, em jeito de homenagem. Até porque traçou uma luta incansável pelo melhoramento do atendimento a crianças e jovens.

Para a actual directora do Serviço, Dr.ª Ana Jorge, «um dos benefícios relacionados com a criação do Centro foi também a reorganização funcional da consulta externa, que passou a ter mais espaço disponível e, consequentemente, a dar uma maior capacidade de resposta».

«É a concretização de um sonho, de um projecto, no qual já se pensava há muitos anos», afirma a Dr.ª Maria José Fonseca, neuropediatra, referindo-se ao Centro de Desenvolvimento que coordena.

«Considerava-se importante criar um espaço próprio para atender as crianças com perturbações do foro neurológico e do desenvolvimento, de uma forma mais compreensiva e que, paralelamente à avaliação, tivessem uma intervenção não apenas médica mas também educacional, psicológica e social», acrescenta a neuropediatra, sublinhando:

«A maioria tem de vir a várias consultas e, por vezes, de longas distâncias, o que desgasta a nível emocional e económico. A congregação das diferentes áreas e terapias num único local diminui o número de vezes que os utentes têm de dirigir-se ao hospital. Por outro lado, o facto de se poder reforçar o trabalho em equipa permite rentabilizar recursos e aperfeiçoar o atendimento. Além disso, o espaço físico e o ambiente é mais agradável, fazendo toda a diferença.»

O trabalho desenvolvido com as crianças da área de influência do Hospital de Garcia de Orta vem no seguimento do que já se realizava nas antigas instalações, onde se efectuavam mais de cinco mil consultas por ano, mas, agora, com a mais-valia de funcionar no mesmo espaço.
Quanto às áreas de intervenção do Centro são três: Assistencial, Formativa e Científica.

As consultas gerais e pluridisciplinares, as intervenções terapêuticas (fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional, etc.) e os serviços de enfermagem, social e educacional são os sectores da Actividade Assistencial.
São acompanhadas crianças com as mais diversas patologias do foro neurológico e do desenvolvimento. Desde as situações raras e bastante incapacitantes, como a paralisia cerebral, a espinha bífida, as doenças neuromusculares, cromossómicas e neurológicas degenerativas até às menos graves, que atingem um grande número de crianças, tais como a epilepsia, os atrasos no desenvolvimento, as perturbações na linguagem ou a hiperactividade.

A Actividade Formativa engloba diversas iniciativas ao longo do ano, designadamente acções de formação, dinamização e participação em reuniões e um Curso de Introdução à Neuropediatria e Desenvolvimento. São igualmente proporcionados estágios a médicos, psicólogos e terapeutas de todo o País.

Por fim, a Actividade Científica diz respeito a projectos de investigação clínica, participações em reuniões e colaborações com artigos para revistas internacionais.

«Também organizamos outras acções, como o “Encontro temático sobre o brincar”, que foi realizado em Julho e dirigido aos pais das crianças que acompanhamos. De futuro, queremos criar uma biblioteca e uma ludoteca para dinamizarmos o espaço Educação», avança Maria José Fonseca.


Texto: Sofia Filipe
Fotos: José Madureira

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