Artigo de Medicina e Saúde®
Nº 117 / Julho de 2007
16 Saúde infantil - 11,6% das crianças comem batatas fritas ao pequeno-almoço
Aproximadamente 210 mil crianças deverão ficar conscientes da importância do pequeno-almoço para o seu bem-estar físico e cognitivo. Este é um objectivo do Projecto Bom Dia, cujo sucesso permitiu uma continuação.
A Escola Básica do 1.º Ciclo com Jardim-de-infância Eng.º Ressano Garcia, em Lisboa, foi palco de uma palestra sobre a influência do pequeno-almoço e das refeições intermédias no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.
Dirigida aos professores do 1.º ciclo e pais, inseriu-se no Projecto Bom Dia – uma iniciativa de educação alimentar e sensibilização pedagógica lançada em 2006 pela marca Planta e pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM).
As acções são conduzidas pela coordenadora do Projecto, Prof.ª Fernanda Mesquita, médica endocrinologista e professora catedrática do ISCSEM, pela Dr.ª Helena Cid, nutricionista do Projecto Bom Dia.
No âmbito da primeira edição do Bom Dia, foi levado a cabo um inquérito a cerca de 27.500 alunos do primeiro ciclo do ensino básico, na faixa etária dos 6 aos 10 anos. Sabia que 11,6% das crianças comem batatas fritas ao pequeno-almoço? Esta é apenas uma das muitas conclusões do estudo.
Quando questionados sobre se tomam sempre o pequeno-almoço, a maioria dos alunos (98,5%) respondeu afirmativamente. Mas não significa que façam uma refeição saudável. Para tal, podem ser combinados alimentos como o leite ou um iogurte, o pão de mistura rico em fibras barrado com creme vegetal, ou queijo, ou fiambre magro, e uma peça de fruta.
De acordo com a pesquisa, apenas 12,4% dos inquiridos tomam um pequeno-almoço com escolhas saudáveis, mas não inteiramente, já que alguns dos alimentos citados pelas crianças continham muito açúcar, como por exemplo 47,2% bebem leite com chocolate e ainda adicionam açúcar. E somente uma criança disse que não consome alimentos contendo açúcar.
O consumo de pão com manteiga (47%) é mais elevado do que o de pão com margarina/creme vegetal para barrar (4,1%), apesar da Organização Mundial de Saúde recomendar a substituição das gorduras animais (manteiga) por vegetais (cremes vegetais).
Outra das lacunas detectadas foi a elevada percentagem de crianças que ingerem bolos (26,6%) e bolachas (54,1%). Somente 37,3% consomem fruta ao pequeno-almoço. Os responsáveis pelo estudo concluem que as crianças se alimentam mal na primeira refeição do dia.
Segundo Helena Cid, «o único combustível do cérebro são os hidratos de carbono, pelo que é fundamental as crianças comerem pão diariamente, um alimento com açúcar de absorção lenta que permite ter sempre energia. Pelo contrário, o consumo de um bolo conduz a elevados níveis de sacarose, que é rapidamente absorvida provocando um pico de glicemia e, consequentemente, pode gerar hiperactividade, irritabilidade e dificuldade de socialização».
No que se refere às escolhas saudáveis, os resultados obtidos para os dois inquéritos efectuados (antes e depois das acções de formação deste projecto) sugerem a eficácia do programa. Isto é, após as acções de formação a professores e pais, foi obtido um resultado positivo na mudança de comportamento no sentido de um pequeno-almoço saudável.
Assim, o Projecto Bom Dia prossegue não só com o intuito de promover o pequeno-almoço saudável, mas também de alertar para a importância do lanche da manhã e da tarde.
No ano passado, a iniciativa chegou a mais de 61 mil alunos do ensino básico, público e privado dos distritos de Lisboa, Porto e Coimbra. Este ano, vai alargar-se a mais três distritos: Castelo Branco, Évora e Faro.
Espera-se que, em 2007, cerca de 210 mil crianças fiquem conscientes que – para além da relevância que tem o pequeno-almoço – a refeição a meio da manhã e o lanche têm igualmente um papel fundamental para o seu bem-estar físico e cognitivo.