Do ponto de vista zoológico, tanto os cães como os gatos pertencem à Ordem Carnívora. No entanto, a evolução destas duas espécies não decorreu em paralelo e os seus hábitos alimentares são muito diferentes: ao passo que os gatos são, por natureza, carnívoros obrigatórios, os cães são omnívoros, embora as suas prefe­rências sejam claramente carnívoras.


A maioria dos cães apresenta um apetite voraz e come muito depressa, podendo até aumentar o consumo de alimento na presença de outro cão. Uma vez que a espécie canina é muito hierárquica, os cães respeitam o seu líder, o que significa que a presença de um cão dominante pode provocar uma diminuição da ingestão de alimento por parte de outro cão submisso.

Os animais comem para obter toda a energia e todos os nutrientes de que necessitam para viver de forma saudável e activa e de forma a poderem crescer e reproduzir-se de forma correcta. Todas as espécies apresentam as suas próprias necessidades nutricionais específicas e não devemos extrapolar as necessidades exclusivas dos cães para os gatos e vice-versa.

Que factores influenciam as necessidades nutricionais dos cães?

Temos de ter sempre em conta a etapa e o estilo de vida em que o nosso cão se encontra. O peso em adulto dos cães varia muito e as suas necessidades nutricionais serão muito diferentes, caso se encontrem em crescimento, em gestação ou em lactação.

O que se entende por uma dieta completa e equilibrada?

Os cães, tal como todos os animais, necessitam de seis
classes de nutrientes: água, proteínas, hidratos de carbono, gordura, sais minerais e vitaminas. A energia por si só não é um nutriente, mas é fundamental para a vida de todos os animais, uma vez que permite que estes mantenham a sua temperatura corporal, crescimento normal e a renovação dos seus tecidos, reprodução e a actividade física. Apenas a gordura, proteína e hidratos de carbono fornecem energia
ao organismo.

A água é o nutriente mais importante; a privação de água conduz a consequências muito graves e mesmo à morte em relativamente pouco tempo. A seguir à água, a energia é o factor crítico mais importante que deverá ser tido em conta na ingestão diária de alimento e é também o primeiro requisito que deve ser satisfeito. De facto, os cães comem exclusivamente com o propósito de satisfazer os seus requisitos energéticos. Contudo, é também necessário saber que existem nutrientes específicos que, não sendo sintetizados pelo animal, têm de ser fornecidos através da alimentação.

O cão necessita de um fornecimento diário de proteínas que lhe proporcionam os aminoácidos essenciais. Os aminoácidos são os elementos estruturais das proteínas. Os cães necessitam também de ácidos gordos essenciais, como o ácido linoleico e o ácido linolénico, e de vitaminas e minerais essenciais. A presença de hidratos de carbono no alimento garante-lhes o fornecimento de energia a partir da glicose, uma fonte de energia indispensável para as células do coração e do sistema nervoso central, bem como para todas as células do organismo.

É muito importante salientar que nenhum nutriente opera de forma isolada no organismo do animal e que o alimento deve ser nutricionalmente equilibrado e que o animal, dependendo do seu estado nutricional e etapa de vida, apresenta requisitos mínimos para os nutrientes essenciais.

Contudo, é também verdade que determinados nutrientes melhoram a saúde e bem-estar dos animais quando incluídos no alimento em concentrações superiores às dos requisitos mínimos. Este facto conduz-nos ao conceito de Nutrição óptima, em vez de nutrição mínima.

A escolha do alimento é muito importante para que o seu cão viva saudável por muito tempo. Aconselhe-se junto do médico veterinário sobre qual o alimento mais adequado às necessidades específicas do seu cão.


Dr.ª Ana Mimoso
Médica veterinária