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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 115 / Maio de 2007






13 Coração - Ómega-3: para prevenir as doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares não só «não acontecem só aos outros» como já não escolhem idades. Existem, porém, formas de prevenir o seu aparecimento.
Conheça um poderoso aliado na prevenção destas patologias.



As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na sociedade portuguesa. Por cada ano que passa, são responsáveis por cerca de 40 mil mortes, em especial por acidentes vasculares cerebrais (20 mil óbitos/ano) e por enfartes do miocárdio (10 mil óbitos/ano).

«Nos últimos anos, verificou-se uma ligeira diminuição das causas de morte por doença cardiovascular, mas o número de doentes tem aumentado. As pessoas sobrevivem devido ao progresso da Medicina, mas não ficam curadas», comenta o Prof. Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC).

São dois os factores que estão na génese do aumento do número de doentes com patologias cardiovasculares.
Por um lado, é notório o envelhecimento da população. Nas idades mais avançadas o risco de sofrer um evento cardiovascular é maior, porque houve uma prolongada exposição aos factores de risco como o colesterol, a hipertensão ou a diabetes. Por outro, tem aumentado o excesso de peso e a obesidade – outros factores de risco.

Jovens e doenças cardiovasculares

Apesar do envelhecimento da população ser desfavorável, não se pense que as camadas mais jovens são intocáveis. Aliás, os episódios cardiovasculares têm vindo a aumentar e, na perspectiva de Manuel Carrageta, dependem bastante do estilo de vida.

«Os jogos de computador e a televisão são os desportos favoritos dos mais novos», comenta este cardiologista, referindo-se à cada vez mais escassa prática de exercício físico. «Além do mais», prossegue, «a nossa dieta tradicional mediterrânica tem vindo a ser substituída pelo fast food, que é extremamente rico em gorduras saturadas, sal e calorias. Ora, a alimentação pouco saudável vai gerar factores de risco, como a hipertensão ou o aumento de peso».

Como é sabido, o tabagismo e a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas são igualmente hábitos nocivos praticados por inúmeros jovens. «A maneira como os jovens bebem não ajuda, pois consomem grandes quantidades de álcool, de níveis elevados, aos fins-de-semana. Outro factor de risco é a utilização da cocaína. Esta droga pode provocar espasmos da parede das artérias coronárias, podendo levar ao enfarte do miocárdio», indica o presidente da FPC, frisando que «hoje já não há idades protegidas para sofrer um enfarte do miocárdio ou AVC».

Ómega-3 marinhos

Se, como se referiu, muito depende do estilo de vida adoptado, será a sua mudança fulcral para prevenir o aparecimento das doenças cardiovasculares. É, pois, imperioso abandonar hábitos prejudiciais.

«Deve-se praticar desporto regularmente, deixar de fumar, moderar o consumo de álcool e controlar a pressão arterial, os níveis do colesterol e da glicemia no sangue. É também fundamental emagrecer, caso se tenha excesso de peso ou obesidade», aconselha Manuel Carrageta.

De acordo com o Prof. Polybio Serra e Silva, professor jubilado da Faculdade de Medicina de Coimbra e presidente da Delegação Centro da FPC, «é importante criar um estilo de vida saudável, fugindo das gorduras animais e dos fritos, privilegiando o peixe, os legumes e as frutas mais coloridas por serem mais ricas em antioxidantes».

Todavia, é necessário considerar que nem todas as gorduras são danosas. «São indispensáveis na alimentação diária, mas é preciso ter atenção porque umas são mais saudáveis (monoinsaturadas e polinsaturadas) e outras menos benéficas (saturadas e trans)», garante a Dr.ª Helena Cid, nutri­cionista. As últimas existem nas carnes gordas, nos enchidos, na manteiga e nas natas. As mais saudáveis encontram-se em produtos de origem vegetal e marinha.

«De acordo com um estudo conjunto da Fundação Portuguesa de Cardiologia, da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e do Instituto Becel, dois em cada três portugueses têm o colesterol elevado. As pessoas devem mudar os hábitos e estar atentas ao coração desde cedo, incluindo na alimentação produtos de acção cardioprotectora», diz a mesma nutricionista, sublinhando:
«Um dos segredos está na capacidade de os ácidos gordos ómega-3 marinhos impedirem o envelhecimento das artérias e evitarem danos vasculares, como a formação de coágulos.»

Mas, afinal, que ácidos são estes? Existem dois tipos, designadamente os de origem vegetal (ácido alfa-linolénico ou ALA) e os de origem marinha (ácido eicosopentanóico ou EPA e ácido docosa-hexaenóico ou DHA).

Segundo Helena Cid, «o nosso organismo não consegue produzir o ómega-3 ALA. A única forma de o obter é através da alimentação. Os EPA e DHA conseguem ser produzidos, mas em pequenas quantidades a partir do ALA. Porém, apenas 5% do ALA ingerido é convertido em EPA e DHA».

Os óleos vegetais (girassol, linhaça, colza, soja e noz) e alguns frutos secos (noz e amendoins) são produtos alimentares ricos em ácidos ómega-3 de origem vegetal. Quanto aos de origem marinha, encontram-se em maior quantidade nos peixes gordos, como a sardinha, o atum, o salmão, a cavala, o arenque ou a truta.

Benefícios

Diversos estudos revelam os benefícios dos ómega-3 marinhos na saúde cardiovascular. «Possuem uma acção antiarrítmica directa na prevenção da morte súbita nos doentes coronários, que em diversos estudos baixou em cerca de 50%. Baixam a pressão arterial, por meio de uma vasodilatação periférica e reduzem a frequência cardíaca, através de uma melhoria do tónus simpático autonómico e beneficiam a própria função endotelial», aponta Manuel Carrageta.

«Os ómega-3 marinhos, potenciais agentes antiaterogénicos e cardioprotectores, quando administrados em dose suficiente, quer pela ingestão de peixe, quer através de medicamentos ricos nestes ácidos gordos, eicosopentanóico e docosa-hexaenóico, com os seus 1000 mg por cápsula, poderão fazer descer os triglicerídeos e a tensão arterial, subir o “bom colesterol” e poderão ter também um efeito antiagregante plaquetar, antitrombótico, antiarrítmico e até anti-inflamatório», afirma Polybio Serra e Silva.

Em 2002, foi publicado na revista Circulation o estudo italiano GISSI, que avaliou os efeitos do consumo diário de um suplemento de ácidos gordos ómega-3 marinhos em doentes que haviam sofrido um enfarte do miocárdio. «Com esta pesquisa verificou-se uma redução de 28% da mortalidade total e de 47% da morte súbita naqueles indivíduos», refere Manuel Carrageta.

Publicado um ano mais tarde, o Nurces Health Study mostrou que, entre cerca de 5 mil mulheres seguidas durante 16 anos, aquelas que faziam duas ou mais refeições de peixe gordo por semana apresentaram «uma redução de 40% do número de episódios coronários», salienta o presidente da FPC.

«Os alimentos ricos em ómega-3 terão influência sobre os triglicerídeos, que poderão fazer baixar. Mas as doses necessárias serão de 2 a 4 g, diariamente. Na prevenção primária da doença cardiovascular bastará 1 g por dia», menciona Polybio Serra e Silva.

De facto, Manuel Carrageta recomenda que «se façam, pelo menos, duas refeições de peixe gordo por semana, devendo ser cozido ou grelhado, pois, as temperaturas elevadas usadas na fritura alteram as propriedades da gordura do peixe».

Porém, o consumo de peixe gordo na Europa está abaixo dos valores aconselhados. Aliás, Polybio Serra e Silva constata que «para aspirarmos a doses terapêuticas de ómega-3, com alimentos ricos neles, teremos que pensar na ingestão de doses alimentares que não se compadecem com a alimentação diária».

Assim, de acordo com Helena Cid, «é fundamental reduzir o consumo de gorduras de origem animal e aumentar a ingestão de peixe gordo, complementando com alimentos enriquecidos com ómega-3 marinhos, de modo a manter a saúde cardiovascular».


Obesidade, diabetes e doenças do coração

Maio é o Mês do Coração. Porque há uma íntima relação entre as doenças cardiovasculares, a obesidade e a diabetes, o tema incide sobre esta trilogia.

«A obesidade e a diabetes, muitas vezes, conduzem às doenças cardiovasculares. Na maioria dos casos, de uma forma geral, a diabetes é originada pelo sedentarismo e por um regime alimentar demasiado rico em calorias, gordura e açúcar, o que causa excesso de peso e obesidade», indica o Prof. Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, acrescentando:
«A diabetes aumenta o risco de sofrer ataque cardíaco em três a sete vezes na mulher e duas a três vezes no homem. Mais de dois terços dos diabéticos morrem com doença cardiovascular.»

A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), em parceria com a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), promove múltiplas iniciativas, ao longo dos 31 dias do mês, em todo o território nacional. Servem de exemplo o Curso de Alimentação Saudável, a 3.ª edição do Desafio do Coração e a 9.ª Regata do Coração Feliz.

Entre muitas outras actividades, vão ser realizados rastreios em diversos locais, entre eles na Assembleia da República.
A FPC vai, ainda, marcar presença em alguns eventos, tais como o Estoril Open, no Senior Gym e no Festival Internacional de Trialto. As festividades encerram no Estoril com o desfile «Mulheres de Vermelho».


Colesterol está a aumentar

Manter uma dieta saudável é fundamental enquanto medida preventiva. Afinal, após anos repletos de maus hábitos alimentares não tardam em aparecer consequências menos positivas. O colesterol é uma delas.

Na opinião do Prof. Polybio Serra e Silva, professor jubilado da Faculdade de Medicina de Coimbra e presidente da Delegação Centro da FPC, «mais do que um factor de risco, o colesterol é antes uma das causas da doença cardiovascular e está a aumentar na nossa sociedade».

O aumento deve-se, segundo este especialista, «ao facto das populações estarem cada vez mais a perder os ancestrais hábitos alimentares da dieta mediterrânica. O sedentarismo, o ambiente obesogénico e o stress da vida moderna levam-nos a ingerir, apressadamente e de pé, um fast-food reprovável. O consumidor, ignorante e desprevenido, perdeu o hábito do passeio pelo mercado, não sabe interpretar os rótulos dos alimentos e não é capaz de, convenientemente, comprar, conservar, cozinhar e, nem sequer, ingerir os alimentos».

Mudar o estilo de vida é essencial para reduzir os níveis elevados de colesterol.


Texto: Sofia Filipe
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