Director
José Alberto Soares Editora Executiva
Sofia Filipe Redacção Rui Miguel Falé
Bruno Dias
Manuel Moreira
Paula Pereira
Colaboradores
David Carvalho
F. Castro
Director Comercial
Miguel Ingenerf Afonso Assistente Comercial
Sandra Morais Directora de Marketing
Ana Branquinho Publicidade
Patrícia Branco
Director de Produção
João Carvalho Director de Produção Gráfica
José Manuel Soares Director de Multimédia
Luís Soares Ilustração
Joa Copy Desk
Sérgio Baptista Fotografia
Ricardo Gaudêncio (Editor)
Jorge Correia Luís
José Madureira
Revisão Ciêntifica
JAS Farma®

Apoios


Medicina e Saúde<sup>®</sup> 132 / Outubro de 2008 Saúde Pública<sup>®</sup> 73 / Outubro de 2008
Mundo Médico<sup>®</sup> 59 / Julho de 2008 Edições Especiais Saúde Pública<sup>®</sup> 1 / Maio de 2007
Edições especiais Mundo Médico<sup>®</sup> 95 / Junho de 2008 Informação SIDA<sup>®</sup> 70 / Setembro de 2008
Mundo Farmacêutico<sup>®</sup> 36 / Setembro de 2008 Jornal Pré-Congresso 1 / Setembro de 2008
Jornal do Congresso 51 / Outubro de 2008 Jornal Diário do Congresso 35 / Outubro de 2008
Saúde em Dia<sup>®</sup> 2 / Abril de 2007 HematOncologia<sup>®</sup> 3 / Outubro de 2008
 

Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 113 / Março de 2007






14 Saúde infantil - Alimentar os neurónios
O cérebro tem de ser muito bem alimentado para que o desenvolvimento cognitivo se dê dentro dos parâmetros normais. Conheça uma nova área da nutrição a não menosprezar.


Os benefícios de uma dieta equilibrada, variada e saudável não se fazem sentir apenas no desenvolvimento físico. Também existe uma forte relação entre a alimentação e o desenvolvimento cognitivo. Trata-se de mais uma área da nutrição, recentemente abordada no simpósio intitulado «Sabia que o cérebro também come?», realizado no Hospital de Dona Estefânia.

A Dr.ª Nathalie-van-der Put, especialista na área do desenvolvimento cerebral e na sua relação com a nutrição, deslocou-se a Portugal para proferir a apresentação subordinada ao tema «A impor­tância do DHA, ALA e as vitaminas do complexo B para o funcionamento do cérebro».

O processo de maturação cerebral é bastante complexo, sendo mais evidente nos primeiros 2 anos de vida.

«A capacidade de aprendizagem, a compreensão, a memória, a atenção e a criatividade integram o desenvolvimento cognitivo, que é influenciado por vários factores», referiu Nathalie-van-der Put, acrescentando que «a vivência com os pais, a estimulação social, a genética, a educação e a nutrição são os principais factores envolvidos no desenvolvimento cognitivo».

No que diz respeito à nutrição, é preciso ter em conta que os nutrientes são fundamentais para o cérebro se desenvolver eficazmente.

Em relação a estes componentes, a especialista holandesa disse que «uns são produzidos pelo próprio organismo enquanto outros são obtidos através da alimentação. Desta forma, deve-se incluir na alimentação as vitaminas do complexo B e os ácidos gordos DHA e ALA, pois são nutrientes importantes para o desenvolvimento cognitivo».

O cérebro é constituído por 100.000.000.000 neurónios e nele estão presentes entre 1000 a 10.000 conexões entre eles (sinapses). As ligações entre as células são protegidas por uma película isolante (mielina), que é maioritariamente constituída por gordura, em especial DHA. Este ácido gordo está presente no leite materno e no peixe gordo (sardinha, salmão, bacalhau, entre outros).

O ALA não é produzido pelo organismo, só podendo ser obtido através da alimentação. Encontra-se naturalmente nos óleos vegetais – óleos de girassol, de soja e de linhaça.

As vitaminas do complexo B (B6, B12, ácido fólico) existem nas frutas, nos vegetais, sobretudo nos de folha verde, bem como nos cereais. Os alimentos de origem animal, como a carne, o peixe e os produtos lácteos, são ricos em vitamina B12.

Hábitos salutares para sempre

«Em muitos casos, os pais preo­cupam-se com a alimentação dos seus filhos só até aos 12 meses. Por exemplo, retiram a sopa da alimentação quando a criança manifesta não gostar e/ou recusa comê-la», comentou a Dr.ª Helena Cid, nutricionista, sublinhando:
«Não é apenas até se completar um ano de idade que se necessita de uma alimentação específica, mas sim durante toda a vida. O peixe gordo é fundamental, mas está pouco introduzido na alimentação dos portugueses.»

Na opinião da Dr.ª Mónica Pinto, pediatra do Centro de Desenvolvimento do Hospital de Dona Estefânia e da Clínica Gerações, «por vezes, as crianças recusam experimentar novos alimentos, pelo que os pais devem incentivá-las as vezes necessárias. Com o hábito, é possível conseguir que tenham uma alimentação saudável».

Os hábitos salutares devem começar «pela fresca». Se se iniciar o dia com um pequeno-almoço desequilibrado a nível nutricional, é provável que o cérebro deixe de ter energia suficiente para processar a informação correctamente. O exercício cerebral dos jovens estudantes é intenso, mas pode ser afectado com a prática alimentar incorrecta.

E se nem sempre se ingerem os alimentos necessários, que interferem no desenvolvimento cognitivo, há sempre a hipótese de recorrer a suplementos alimentares ou produtos alimentares ricos em nutrientes.

«Antes era comum dar às crianças óleo fígado de bacalhau.
Primeiramente em líquido e mais tarde em cápsulas. Hoje, a indústria já oferece formas mais agradáveis de obter nutrientes, que não são produzidos naturalmente pelo organismo. É o caso do creme vegetal para barrar com DHA, ALA e vitaminas do complexo B», indicou Helena Cid.


Desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida

O desenvolvimento cerebral acontece por etapas, sendo os primeiros anos de vida essenciais para um processo bem conseguido.

«A criança é biologicamente o produto da evolução adaptativa da sua espécie, com um genótipo individual exposto a um meio físico social e cultural particular. Necessita de um longo período de maturação, num meio nutritivo, que lhe permita vivenciar uma variedade de experiências de interacção com o mundo externo», explicou a Dr.ª Mónica Pinto, pediatra do Centro de Desenvolvimento do Hospital de Dona Estefânia e da Clínica Gerações.

De acordo com a pediatra, «o desenvolvimento é um processo contínuo, com uma sequência semelhante para todas as crianças. Mas o ritmo varia de criança para criança, dependendo da maturação do sistema nervoso central, e nem todas as competências se adquirem em simultâneo, pelo que a evolução não é linear, mas sim por patamares».

Geralmente, é entre as 4 e as 6 semanas que o bebé deixa de ser passivo. Começa, por exemplo, a ter algumas reacções aos sons e está mais acordado. Com 3 meses descobre e explora as mãos. Aos 6 meses torna-se mais activo, curioso e já vocaliza. Três meses depois consegue deslocar-se, gatinhando ou rastejando.

Quando completa 1 ano já comunica, manifesta os seus desejos e faz as primeiras birras relacionadas com a alimentação. Aos 15 meses sente-se mais independente fisicamente, imitando tudo, e com 18 meses tem uma maior autonomia e desembaraço e inicia a socialização. Aos 2 anos adquire a capacidade de linguagem, aos 3 já brinca com as outras crianças e aumenta o vocabulário. Com 4 anos realiza actividades com princípio, meio e fim, com 5 anos torna-se mais atento e adquire competências pré-académicas e aos 6 anos insere-se no meio escolar e tem interesses mais específicos.

Na opinião de Mónica Pinto, «durante o processo de desenvolvimento, cabe aos pais dar autonomia progressiva e completa à criança, efectuar o treino progressivo da atenção e concentração, limitar as actividades passivas e fomentar as actividades criativas. Devem também, entre muitas outras coisas, incentivar a criança a participar e a ter um papel na família, prepará-la para a entrada na escola e evitar inícios precoces. É importante deixar a criança ser criança».


Texto: Sofia Filipe
ver comentários (0)

Deixe o seu comentário sobre este artigo