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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 112 / Fevereiro de 2007






30 Estomatologia - Extrair o dente do siso
(Entrevista a Dr. João Bettencourt Dias, estomatologista)
O consultório de um estomatologista é um local que preferimos não visitar muitas vezes. Se um jovem tem um dente do siso por extrair, que além do mais está incluso no osso, é provável que se comporte como a avestruz e vá adiando a consulta.


Como explica o Dr. João Bettencourt Dias, estomatologista a exercer em Lisboa, «o dente do siso nasce frequentemente por episódios. Dá um primeiro sinal, depois podem passar meses em que a pessoa não sente nada, depois volta a sentir o dente e assim sucessivamente, até que o siso erupciona». Até chegar este dia, podem ser evitados meses de desconforto e dor que, «a certa altura, podem tornar-se insuportáveis, por isso o melhor é não adiar o problema», aconselha o estomatologista.

«Através de uma ortopantomografia – uma radiografia panorâmica de toda a dentição –, podemos diagnosticar precocemente se o paciente vai ou não ter os dentes do siso, pois, permite antever o desenvolvimento dentário e saber se o indivíduo vai ou não ter todos os dentes. Não é assim tão invulgar uma pessoa não ter todos os dentes implantados», observa João Bettencourt Dias, explicando:
«Nesses casos, o siso até pode ser bem-vindo, porque poderá fazer deslocar os dentes que o antecedem, de modo a fechar o espaço que estava aberto, ficando a dentição mais arrumada.»

A idade prevista para os primeiros sinais do siso ronda os 18, 20 anos em diante, embora a evolução da espécie humana tenda cada vez mais a brindar-nos com a ausência destes dentes. Caso contrário, eles nascem atrás dos últimos molares.

«Se o eixo do siso está bem dirigido e se tem espaço na arcada dentária, faz uma erupção normal, no sítio próprio», indica João Bettencourt Dias. No decorrer dos episódios de erupção é natural sentir a pressão feita pelo próprio dente, podendo essa pressão significar ou não alguma dor, mais ou menos intensa, dependendo de caso para caso.

No entanto, «é frequente encontramos dentes do siso mal posicionados, com a coroa lateralizada ou voltada para a frente. Ao erupcionar, empurram os dentes anteriores, podendo deformar o alinhamento de toda a dentição. Os dentes podem começar a ficar apinhados», previne o especialista.

Durante os episódios de erupção de que fala o Dr. João Bettencourt Dias, «principalmente quando se trata de um dente do siso no maxilar inferior, podem sentir-se dores localizadas na região entre o maxilar e o ouvido, o que leva muitas pessoas a consultar um otorrino», diz-nos o estomatologista.

O mau posicionamento do siso pode também ter consequências «ao nível da oclusão da boca, ou seja, a posição correcta da boca fechada pode ser perturbada e provocar estalidos nos maxilares quando os abrimos», indica João Bettencourt Dias. É por essa razão que os estalidos acontecem sobretudo de manhã, nos primeiros movimentos dos maxilares, e quando mastigamos os alimentos.

O motivo que frequentemente obriga à extracção do siso, mesmo que o eixo do dente esteja bem dirigido, é a falta de espaço na mandíbula para que possa romper sem danificar a dentição ou a estrutura óssea do maxilar. A colocação de um aparelho corrector do alinhamento da arcada dentária dificilmente resolve o problema. «É difícil que um aparelho crie o espaço necessário, normalmente o que se faz é tirar o siso», remata o estomatologista.

A pequena cirurgia ao siso incluso

A questão complica-se quando o siso está incluso. Este termo, segundo o especialista, «designa um dente que não chega a sair para o exterior, não erupciona. Está completamente dentro do osso e recoberto pela gengiva.

Quando o dente não rompe na totalidade, ficando
parcialmente dentro do osso, designa-se semi-incluso. Isto pode ter origem no atraso de crescimento do próprio dente, no seu mau posicionamento e na falta de espaço para romper na arcada dentária. Quando é assim, torna-se necessário extrair o dente».

Esta é uma das intervenções mais complexas a que podemos ser sujeitos num consultório de estomatologia, mas isso não significa que seja dolorosa. Apesar de o dente estar escondido debaixo do osso, a ortopantomografia permite ao especialista saber exactamente onde vai encontrar o siso na boca do paciente.

A remoção de um dente do siso incluso implica uma pequena cirurgia. «Prefiro que o acto cirúrgico decorra fora dos episódios de erupção. Preparo a cirurgia administrando ao paciente um anti-inflamatório, cerca de dois a três dias antes, de maneira a que no dia da extracção os tecidos não estejam inflamados, para garantir as melhores condições de aplicação e eficácia da anestesia, o que é essencial para a cirurgia correr bem», sublinha João Bettencourt Dias, explicando como se processa o acto cirúrgico:
«Inicialmente, faz-se a desinfecção da boca e aplica-se a anestesia, que pode ser local ou locorregional.
A primeira é dirigida especificamente ao local de intervenção e a segunda anestesia toda a região envolvente.»

A escolha entre uma e outra depende do grau de complexidade da cirurgia, que o estomatologista prevê a partir da análise da ortopantomografia e de toda a avaliação clínica que faz do paciente.

Em seguida, «faz-se a incisão com um bisturi e afastam-se os tecidos. Depois, com uma broca de osso, abrimos uma pequena janela no maxilar, até descobrirmos o dente. Se o siso está completamente incluso e deitado, é consideravelmente mais difícil extraí-lo. Por vezes, o acesso ao siso é também dificultado por estar situado muito atrás na arcada dentária. Nessa situação, provavelmente, o dente não poderá ser extraído por inteiro. Primeiro corta-se a coroa do dente e depois faz-se a remoção das raízes», acrescenta João Bettencourt Dias, continuando:
«No final da extracção, regra geral, suturam-se os tecidos com o cuidado especial de não deixar osso a descoberto, o que provoca muitas dores. A duração desta pequena cirurgia pode levar entre meia hora e duas horas.»

A data da cirurgia é definida entre médico e doente, de maneira a que não interfira com os estudos ou com a actividade profissional.


ADEUS DENTES DO SISO! - O testemunho de Maria

Maria Campos Forte tem 23 anos e passou pela experiência de tirar os quatro dentes do siso, todos eles inclusos. O primeiro foi extraído quando tinha 17 anos e o último com 20.

«Não tinha espaço na boca para os dentes do siso, por isso tive de os tirar antes que começassem a nascer», diz a estudante, relatando:
«O siso do maxilar inferior esquerdo custou mais a tirar do que os outros porque estava mais fundo, junto ao osso do maxilar. Era um dente muito grande e estava a nascer de lado. Como deixei passar algum tempo sem o extrair, já começava a corroer o osso do maxilar e por isso tive algumas dores antes, durante e após a cirurgia.» As outras três intervenções foram mais fáceis.

O pós-operatório

As principais complicações costumam surgir nesta fase, mas, tal como na cirurgia, depende de caso para caso.
«Se a incisão com broca de osso for mais extensa, o paciente pode ter dificuldade a falar e, muito provavelmente, não vai poder mastigar durante cerca de cinco dias. Depois da extracção de um siso incluso, é comum que não consiga abrir a boca mais do que um ou dois dedos de altura e tenha de fazer uma alimentação à base de líquidos frios», afirma João Bettencourt Dias.

Foi o que aconteceu a Maria Campos Forte. Abrindo a boca o pouco que conseguia, sorvia os líquidos pelo copo, numa taça, ou ingeria outros alimentos, como papas, numa colher de chá. Não conseguia beber pela palhinha, já que o esforço de sucção lhe provocava algum incómodo.

«Fiquei cinco dias sem comer sólidos. Ao princípio bebia sumos e leite frio, gelados derretidos e papas de flocos de cereais muito líquidas. Nos dias seguintes, já comia purés e sopas mornas, com os alimentos picados. Tive alguma fome, por isso passei aqueles dias um pouco em baixo e sem energia», recorda a jovem, acrescentando:
«Há medida que o tempo passava, a partir do momento em que conseguia mastigar, voltei a comer alimentos progressivamente mais sólidos, para o lado contrário ao do siso extraído, sempre com cuidado com os pontos.»

Outra consequência da cirurgia é a impossibilidade de fazer a higiene oral completa. Segundo Maria Campos Forte, «não conseguia abrir a boca o suficiente para escovar os dentes, por isso bochechava com um elixir. O meu estomatologista aconselhou-me a continuar com o elixir mesmo quando já conseguisse escovar os dentes, para prevenir o aparecimento de bactérias e evitar inflamações e a ter cuidado para não arrancar os pontos com a escovagem».

Nos cinco dias após as cirurgias, tomou um anti-inflamatório e, quando tinha mais dores, um analgésico. «Apesar de estar medicada, uma semana depois de tirar o siso do maxilar superior direito, a gengiva começou a inchar e tive uma pequena inflamação. Fui ao estomatologista, ele drenou a inflamação e ficou tudo bem, mas continuei a tomar o medicamento mais uns dias. Também punha sacos de gelo – envolvidos num pano – encostados ao maxilar», refere a estudante, que ao fim de uma semana, uma semana e meia de recuperação voltou ao consultório do seu estomatologista para remover os pontos da sutura.

«As dores que tive durante o tempo que andei a adiar as consultas são sem dúvida piores do que aquelas que senti nas cirurgias. Se é necessário tirar os dentes do siso, é melhor fazê-lo o quanto antes», recomenda Maria Campos Forte.


Texto: Tiago Mota
Fotos: Jorge Correia Luís/Ricardo Gaudêncio

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