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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 106 / Agosto de 2006






62 Nefrologia - Cada vez mais pessoas com cálculos renais
A patologia popularmente conhecida por «pedra nos rins» tem registado um aumento de incidência em Portugal nos últimos anos. Este cenário é em tudo semelhante ao que se regista noutros países industrializados. As estimativas indicam que os homens são ligeiramente mais afectados.


Neles, 12% têm uma pedra no rim com sintomas agudos até aos 70 anos de idade, enquanto o mesmo argumento se aplica a apenas 5% das mulheres. De uma forma mais geral, outros estudos apontam para que 5% da população venha a ser atingida em alguma fase da vida.

«É uma entidade extremamente frequente, cujas manifestações dolorosas são causa de importante absentismo laboral», reforça o Dr. Pedro Ponce, nefrologista.

A par do incremento desta patologia, a que o rigor da Medicina denomina de litíase ou cálculos renais, «há também uma alteração dos padrões de composição dos cálculos encontrados», acrescenta o médico.

Esta perturbação renal é assintomática durante um período temporal considerável. Sustenta Pedro Ponce que tal acontece «na extensa maioria dos doentes em quem diagnosticamos actualmente pedras no rim».

Apesar da complicação já estar desenvolvida, os sintomas podem demorar anos a emergir. É, por isso, comum estas lesões serem detectadas, por acaso, numa ecografia de rotina, por exemplo.

Cristais «dolorosos»

Muitos se questionam como será possível ao corpo humano desenvolver «pedras» no seu próprio interior. O especialista que consultámos explica que este fenómeno deve-se «à formação de pequenos cristais, que ficam ancorados na desembocadura de milhares de pequenos canais que formam o tecido renal e produzem a urina. Os cristais vão crescendo, até ao momento em que se soltam e migram pelo aparelho urinário abaixo, causando obstrução do uréter, canal que une o rim à bexiga».

Esta obstrução parcial ou total da urina, obviamente, origina um processo doloroso – a cólica renal – e, por vezes, de perda de sangue na urina. A dor aguda característica é provocada pela passagem da pedra do bacinete para o uréter. O nível de sofrimento pode ir da «moinha» até à dor excruciante e intolerável.

A formação dos cristais acontece por motivos diversos, segundo expõe Pedro Ponce. A concentração de determinadas substâncias na urina, «como o cálcio, o ácido úrico, oxalatos, fosfatos, entre outras» pode estar muito aumentada. Ainda porque os rins excretam para a urina «quantidades excessivas de cada um daqueles componentes». Ou porque é pequeno o volume de urina em que as substâncias referidas se diluem, o que faz aumentar
a sua concentração».

Pedro Ponce chama a atenção para um aspecto importante, que favorece a formação de cálculos:
«Na nossa urina existem ou deveriam existir, inibidores da cristalização, tais como citratos e glicoproteínas variadas. Em alguns doentes estas substâncias estão diminuídas. Essa é a razão pela qual se podem formar cálculos renais mesmo com concentrações de sais na urina em níveis normais.»

O fornecimento de substâncias inibidoras da cristalização à urina destes doentes «é uma possibilidade terapêutica promissora que até ao momento ainda não realizou o seu potencial», considera o nefrologista.

Tipos de cálculos mais comuns

Os cálculos de oxalo e fosfato de cálcica tornaram-se, de longe, os mais frequentes, variando nos diversos países da Europa entre os 70% e 80% dos cálculos analisados.

O médico ressalta que se nota uma «diminuição dos cálculos de fosfato de amónio e magnésio, cálculos formados em doentes com infecções urinárias persistentes causadas por determinados tipos de bactérias. Em Portugal, essas manifestações apareciam em cerca de 14% dos casos em 1975, para agora rondarem os 4%».

Noutro termo de comparação, os cálculos de ácido úrico rondam em Portugal os 9% actualmente, quando no passado (1975) chegavam aos 19%.

«Estes dados realçam a importância da litíase cálcica, quer no género feminino quer no género masculino. Isto num País em que os dados epidemiológicos de que dispomos mostram-nos que a prevalência é quase idêntica nos dois géneros, se não estratificarmos a amostra por idades. Ronda os 7,2% ou seja 7200 por 100.000 habitantes», aponta Pedro Ponce.

Diagnóstico e alívio das cólicas renais

Este especialista considera que «o teste de imagem diagnóstico de preferência, quando disponível, é sem dúvida a TAC helical sem administração de contraste, para confirmar a presença de uma pedra e explicar a cólica renal».

Apesar de a ecografia ser considerada uma alternativa, é, todavia, a solução mais usada. Pedro Ponce atesta que este método «tem menor acuidade de diagnóstico e não visualiza em geral cálculos no uréter».

A terapêutica de base nas cólicas renais consiste na utilização de anti-inflamatórios. Mas não é de excluir, acrescenta Pedro Ponce, «a utilização de medicação alfa-bloqueante ou bloqueadores dos canais de cálcio». Estas medidas podem, segundo o médico, facilitar a passagem do cálculo renal, «ao relaxarem a parede muscular do uréter».

O nefrologista deixa, ainda, mais alguns conselhos. «A imersão em água quente ou a clássica botija de água aquecida podem aliviar a dor. Forçar a ingestão de líquidos nesta fase aguda, em geral, agrava a dor por distender o segmento do aparelho urinário acima da obstrução, pelo que está contra-indicada».

Retirar as pedras

No tratamento, antes de ser ponderado o avanço para técnicas invasivas, diz Pedro Ponce que «o estudo metabólico identifica um defeito corrigível em mais de 80% dos doentes». Mas o especialista também afirma que, apesar da identificação e correcção do defeito metabólico ser importante para prevenir o aparecimento de novas pedras ou o crescimento das actuais, «não substitui o tratamento da crise aguda».

Nesta lógica é possível o tratamento médico, que o especialista explica resumidamente. «Reforço hídrico, dieta, tiazidas, alopurinol, citrato de potássio, provocam remissão da doença litiásica em 75% dos casos ou redução da actividade da doença e emissão de pedras em 94%».

No entanto, 10 a 20% de todas as pedras requerem remoção mecânica/cirúrgica. Aqui, a dimensão dos cál­culos pesam na decisão. Nos de maiores dimensões, acima de 8 a 10 mm, dificilmente a «expulsão» é espontânea. A cirurgia justifica-se ainda quando a obstrução é persistente, principalmente com urina infectada.
Pedras inferiores a 5 mm, que não causem sintomas, não requerem tratamento para as remover.

Se tal for necessário, não se assuste quando ouvir o seu médico dizer-lhe que provavelmente vai ter de fazer uma litotrícia extracorporal por ondas de choque, uma nefrolitomia percutânea ou uma ureteroscopia. São estas as técnicas disponíveis.

Mais importante, qualquer uma delas «reduz substancialmente a dor, o tempo de hospitalização e o custo da remoção de cálculos urinários, quando comparadas com a cirurgia aberta convencional», garante Pedro Ponce.


Maus hábitos dietéticos para quem sofre de cálculos renais

– Baixa ingestão de fluidos (água sobretudo);
– Teor elevado de proteína animal – Eleva a excreção de cálcio e ácido úrico, baixa o PH urinário, o que, por sua vez, reduz a excreção de citratos, o tal inibidor da cristalização urinária;
– Elevado teor de sal na dieta, que aumenta a excreção de cálcio;
– Aumento do consumo de alimentos ricos em oxalatos (chá, chocolate, café, nozes, vegetais de folha verde escura, como o espinafre);
– Redução excessiva da ingestão de cálcio, o que aumenta a absorção intestinal de oxalatos e a sua excreção urinária;
– Suplementos vitamínicos ricos em vitamina D.

Quais os doentes de maior risco?

• Os indivíduos que tiveram uma pedra no rim no passado têm um risco muito mais elevado de recaídas. Quem já teve uma pedra tem um risco de novos sintomas por litíase de 15% ao fim do primeiro ano, 40% ao fim de cinco anos e 80% ao fim de 10 anos;
• História familiar de litíase. Ocorre em 35% de todos os doentes, principalmente naqueles com cálculos cálcicos;
• Vícios dietéticos que conduzem à formação de pedras;
• Homens de raça branca de meia-idade;
• Doentes com diarreia crónica, gota, ou infecções urinárias.


Texto: David Carvalho
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