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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 105 / Julho de 2006






48 Infecciologia - Gripe das Aves: efeitos e consequências em Portugal
A gripe das aves anda nas bocas do Mundo. Quer seja pelas histórias paralelas que se ouvem, o que a imaginação e o medo acrescentam aos factos ou simples invenções, a verdade é que todos têm uma opinião.
Nós fomos ouvir os especialistas.



O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), no âmbito dos seminários que organiza durante o ano, dedicou um destes eventos à «gripe pandémica e os seus cenários».

A sala do anfiteatro foi demasiado pequena para albergar todos os interessados nas apresentações que foram levadas a cabo pela Dr.ª Anabela Coelho, do Centro Nacional da Gripe, e pelo Dr. Baltazar Nunes, do Observatório Nacional de Saúde (ONSA).

A primeira palestrante fez uma caracterização da própria pandemia bem como o seu desenvolvimento e registos históricos, enquanto que o segundo interveniente tratou dos possíveis cenários que o nosso País terá de enfrentar bem como a nossa capacidade de resposta.

Afinal. o que distingue uma epidemia de uma pandemia?
De uma forma muito abrangente, uma epidemia tem uma duração relativamente curta no tempo, com um início súbito e uma intensidade e gravidade variáveis. Tem uma duração média entre cinco a 10 semanas.

Praticamente todos os anos existem surtos de gripe, ou seja, uma epidemia de gripe. Atinge, anualmente, entre 1 a 15% da população mundial, com uma mortalidade associada entre 250 a 500 mil pessoas.

Já uma pandemia surge de uma epidemia, mas a novidade reside no facto de que resulta de um vírus desconhecido e tem uma duração normalmente de alguns anos. Nos últimos 500 anos surgiram apenas 10 pandemias.

No século XX há o registo de três grandes pandemias: a gripe pneumónica, de 1918, a gripe asiática, de 1957, e a gripe de Hong Kong, de 1968. Atingiram cerca de 25 a 30% da população mundial e causaram um número máximo de perto de 7,5 milhões de mortes.

Esta distinção entre a definição de pandemia e epidemia é essencial para entendermos a evolução dos vários estádios por que passam os vários tipos de vírus que nos afectam, quer directa ou indirectamente.

É desta forma que podemos começar por entender que quando se fala de uma gripe aviária, como a que temos actualmente, designada gripe das aves, essa situação é apresentada como um potencial grave problema de saúde para todos nós, de tal forma que leva, em alguns casos, ao extermínio de centenas ou mesmo milhares de animais.

Da gripe das aves a uma pandemia mundial?

Segundo a Dr.ª Helena Rebelo de Andrade, coordenadora do Centro Nacional da Gripe, «é essencial distinguir três á­reas e três problemas diferentes que conti­nuam a ser confundidos: gripe sazonal, gripe pandémica e gripe aviária.

São distintas no seu impacto de saúde pública, na sua epidemiologia e também nas características evolutivas e ecológicas do vírus influenza que está na sua etiologia».

Além da questão da gripe sazonal (epidemia) e da gripe pandémica, a gripe aviaria assume os contornos de relevância muito acima da média porque, segundo a mesma especialista, «desde 2003 que se tem vindo a desencadear uma situação complexa do ponto de vista veterinário com o aparecimento de extensas epizootias de gripe em aves domésticas e selvagens provocadas pelo aparecimento do vírus H5N1. Estas epizootias têm estado associadas a casos esporádicos de doença grave no homem, provocados pela transmissão zoonótica».

Através da avaliação que se tem feito acerca da evolução que o vírus tem apresentado desde há 10 anos a esta parte, ainda apenas numa fase de gripe aviaria, apenas podemos constatar que o H5N1 tem, efectivamente, potencial para desencadear uma nova pandemia.

No entanto, «o vírus circula há mais de 10 anos em diferentes espécies aviá­rias e ocasionou apenas cerca de duas centenas de casos de infecção humana. É certo que a taxa de mortalidade é elevada, mas continua a ser um problema do âmbito veterinário que enferma risco para a saúde humana», defendeu a especialista do INSA.

Obviamente que, mesmo sendo ainda apenas um problema de cariz veterinário, atendendo ao risco que pode representar para os humanos, as autoridades têm estado atentas e a concentrar esforços no desenvolvimento de uma vacina e planos de prevenção para dar resposta a uma situação de pandemia, caso a mesma se venha a concretizar.

Segundo Helena Rebelo de Andrade, «planear a possibilidade de ocorrência de uma nova pandemia é fundamental, mas deve ser pensado e delineado independentemente do vírus que possa estar na sua origem e da data da sua emergência», concluiu.

E nós, em Portugal?

O ONSA procedeu, em Junho de 2005, no âmbito do Plano de Contingência para a Gripe, ao desenvolvimento de alguns cenários preliminares acerca do potencial efeito que uma pandemia iria ter sobre o nosso País.

Segundo Baltazar Nunes, um dos intervenientes neste processo, «os cenários preliminares foram delineados com base em indicadores internacionais, embora tenham sido utilizados alguns gerados a partir da população portuguesa».

Os cálculos foram feitos assumindo infecções que foram dos 20, 30 e 35% da população portuguesa. Além desta previsão, estimaram também que a pandemia teria uma duração de aproximadamente 20 semanas, o que representa o dobro do tempo de uma gripe sazonal. Além disso, os cenários não previram a intervenção de qualquer tipo de fármaco antivirais.

No pico da epidemia, na 10.ª semana, o número de infectados oscila entre os quase 400 e os 600 mil. Uma das constatações mais interessantes é a de que, nas primeiras semanas, a evolução será gradual e lenta, pelo que «criará uma oportunidade para que os hospitais e centros de saúde façam os preparativos finais para a prestação de cuidados de saúde adequados», constatou o investigador.

Uma nova versão de cenários está a ser preparada e deverá ser apresentada em Julho mas, desta vez, deverão ser actualizados alguns dados nomeadamente no que diz respeito às quantidades disponíveis dos medicamentos antivirais, pois, e de acordo com Baltazar Nunes, «as quantidades em breve disponíveis dos antivirais permitirão influenciar o curso da eventual pandemia», defendeu.


Texto: Rui Miguel Falé
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