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Artigo de Medicina e Saúde®

Nº 103 / Maio de 2006






40 Opinião: Uma «nova» doença
- Dr. Álvaro Cidrais
«Descobri» uma «nova» doença, com muito para investigar: a Deficiência Pensamental! A Ciência tem-se aproximado dos seus fundamentos, mas está longe de a compreender. O seu tratamento, além de clínico, é espiritual, relacional, económico, político e cultural. Afinal, há mais de seis milhões de doentes em Portugal. Bem vale o investimento.


Há cerca de 630 mil deficientes oficiais em Portugal (segundo o recenseamento de 2001). Podemos considerá-los doentes. De acordo com aquilo a que chamamos deficientes, serão cerca de 300 mil. São diferentes. Muitas vezes, dependentes de forte auxílio externo.

Capazes de sentirem, como qualquer um. Por vezes, são mais relevantes do que nós, porque são especiais, desenvolvem outras competências. Já imaginaram os mecanismos percepcionais extraordinários de um cego, de um autista ou de um surdo? Não o conseguem porque são «normais»! Mas são muito interessantes.

Insanos e (a)normais, não estamos a ver bem! Sobrevalorizamos as diferenças e as incompetências profissionais (iludidos pela visão do homem económico e industrial) dos «deficientes». Elevamos as angústias que sentimos, quando estamos por perto. Pensamos mal.
Somos «deficientes pensamentais». Com base nesta doença, criamos sentimentos negativos aos quais procuramos escapar. Afinal, fugimos de nós, deles e da dor que nos provoca a falta de inteligência para lidar com este desafio.

Dos cerca de 300 mil, a maioria também será deficiente pensamental! São-no porque a sociedade cultiva esta doença, a desordem do pensamento baseada em preconceitos e padrões culturais mutiladores da auto-estima, da capacidade de acreditar e da força para empreender. A toda a hora, têm sinais da sua inferioridade limitativa. Esquecemos que possuem barreiras que, para nós, não existem.

Felizmente, muitos não se deixam vencer. Não se conformam à aparência e constroem mecanismos de ultrapassagem de um sistema cultural, arquitectónico, profissional e social que está criado para recordar as suas diferenças. São uns heróis.

Deficientes, somos nós todos, um bando de idiotas que não vê que está doente na sua forma de pensar e de sentir. Neste e noutros assuntos.

Um homem de cadeira de rodas é mais deficiente do que um indivíduo que não sabe pensar e resolver os seus problemas? Será aquele mais perigoso para a sociedade do que um «doente pensamental» que tenha nas mãos uma empresa ou um cargo público relevante?

Esta é uma doença que reduz a nossa saúde colectiva. Precisa de tratamento. Na escola, em casa, nos trabalhos, na comunidade, nos estabelecimentos de saúde.

É uma doença que nos impede de ver e de fazer o que está certo numa abordagem de Ética Universal. É o mesmo processo de raciocínio prejudicial que nos leva a sobrevalorizar as divergências e as discordâncias, a remoer, a atacar e a agredir em função delas.

Infelizmente, em Portugal, há, pelo menos, seis milhões de doentes com estas características. Um terço está declarado. O restante, anda por aí, consumindo pedacinhos de prazer, alienando-se com a bola, bebendo ao fim-de-semana ou aborrecendo os outros em cada esquina.

Afinal, somos todos diferentes e iguais. Sentimos, adoecemos, envelhecemos, morremos. Seríamos mais sadios se valorizássemos igualmente as semelhanças e nos focalizássemos na busca individual e colectiva (sem uma, não há a outra) da Saúde (espiritual, psicológica, pensamental, social e física) como aconselha a Organização Mundial de Saúde.


Dr. Álvaro Cidrais
Geógrafo e Consultor

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