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Artigo de HematOncologia®

Nº 4 / Janeiro de 2009






64 Espaço dos doentes
Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL)
- Dr. Herlander Marques

- João Salazar


Bancos de Sangue do Cordão Umbilical:
Duas realidades e objectivos distintos


Os doentes que se sujeitam a transplante de células estaminais podem receber células de três fontes: medula óssea, sangue periférico e cordão umbilical. As duas primeiras colheitas podem ser realizadas nos adultos saudáveis. A última, no cordão umbilical, apenas pode ser feita aquando de um nascimento. Nesta última opção, a aceitação do transplante é maior, por diversos factores.

É inegável a multipotencialidade das células estaminais do sangue do cordão umbilical. Podem ser tratadas através do transplante leucemias, linfomas, doenças medulares, doenças metabólicas, imunodeficiências, hemoglobinopatias.

A criopreservação das células estaminais utilizadas num transplante autólogo e alogénico apresenta diversas vantagens: disponibilidade imediata das mesmas; inexistência de riscos de rejeição e de reacção de enxerto contra-hospedeiro em transplante autólogo; menor risco de rejeição e de reacção de enxerto contra-hospedeiro que o transplante de células estaminais da medula óssea, no transplante alogénico (e das complicações que daí advêm); menor risco de infecção com agentes infecciosos (oportunistas).

É um facto que a aplicabilidade e a taxa de sucesso dos transplantes alogénicos de células do cordão é maior em crianças e adolescentes do que em adultos, dado que o número de células estaminais necessário para o transplante ter sucesso é proporcional ao peso. No entanto, este tipo de transplante também tem aumentado em adultos, através da expansão in vitro das células estaminais.

Em nome de uma futura salvação, os bancos privados de criopreservação proliferam, vendendo «seguros de vida biológicos», cuja probabilidade de utilização é reduzida: a taxa de crianças e adolescentes que realmente utilizam as suas células estaminais é praticamente nula. A necessidade de transplante é muito rara. Mas o risco existe. E os seguros também.

Os pais são, por vezes, perseguidos pelo dilema de não estar a fazer o melhor pelos seus filhos. No entanto, está ainda por demonstrar o real valor destes métodos.

Muitas vezes resultam de necessidades artificiais criadas com fins comerciais e desviam os cidadãos da verdadeira dádiva altruísta, que os pode beneficiar também, ao aumentar o banco de células do cordão disponíveis em todo o mundo.

O direito à vida dos restantes doentes que precisam de um transplante alogénico é trocado por um punhado de euros entregues em nome de um seguro biológico que, provavelmente, nunca virá a ser utilizado para salvar a vida que o cordão alimentou.

As limitações dos bancos privados castram a possibilidade de salvar vidas de outros seres humanos, ao limitarem o uso das células aos próprios ou, possivelmente, a irmãos. Estas células devem ser do domínio público, acessíveis no imediato a quem realmente está doente e precisa.

Um estudo da revista científica Biology of Bone and Marrow Transplantation indica que a necessidade de uma pessoa até aos 70 anos precisar de um transplante com as suas células estaminais criopreservadas é de 0,25%, enquanto um doente com a mesma idade a necessitar de um transplante com células doadas por outras pessoas é de 0,5%.

Isto significa que as células estaminais devem ser um bem público, uma vez que podem salvar o dobro dos doentes. Além disso, a qualidade das células criopreservadas só é garantida durante 10 anos, ou talvez, com a melhoria da tecnologia, 20 anos, o que torna aquela percentagem ainda menor.

A criação de bancos privados estabelece uma desigualdade entre os cidadãos por duas razões: primeiro, as suas células apenas estão disponíveis para as famílias que podem suportar o seu custo; segundo, se necessitarem de um transplante alogénico beneficiam do banco público, isto é, daqueles que humanitariamente disponibilizaram as células do cordão ou se disponibilizam como dadores.

A criação de um banco público de sangue do cordão umbilical, o LusoCord, servirá para fazer a colheita e o congelamento, sem encargos para os dadores, aumentando, desta forma, o número dos mesmos, quer a nível nacional, quer mundial. A principal diferença entre os bancos público e privados é que estas células estão destinadas a qualquer doente compatível que venha a necessitar delas.

O altruísmo é um valor fundamental no combate a estas doenças por parte das mães e da sociedade. É um dever cívico partilhar o impagável: a vida.

A APLL – Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas – dá as boas-vindas ao LusoCord e encoraja a dádiva a bancos públicos por diversas razões:

– as células ficam disponíveis para doentes que precisam, caso haja compatibilidade;

– na criopreservação para uso privado a probabilidade de utilização das células do cordão umbilical num transplante autólogo são ínfimas: provavelmente entre 0,0005% e 0,04% nos primeiros 20 anos de vida;

– o armazenamento do sangue do cordão para um familiar é aconselhável quando um irmão ou irmã padece de uma doença que pode ser tratada com um transplante alogénico, caso haja compatibilidade HLA, caso contrário, deverá ser um bem público.

O direito a melhores tratamentos e à vida é uma realidade sem valor monetário e que não deverá ser acautelada com seguros.


João Salazar e Dr. Herlander Marques
Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL)
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